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Red Hot Chili Peppers: sempre um bom show, mas que poderia ser melhor

Mariana Tramontina

Do UOL, em Chicago (EUA)*

31/07/2016 07h57

Com o repertório que escolheu para encerrar neste sábado (30) a terceira noite do festival Lollapalooza, em Chicago, o Red Hot Chili Peppers nem precisava se esforçar tanto no palco. Mesmo que tenha se alardeado a ideia de uma novíssima turnê com um disco fresco, a banda quase deu de ombros para quem esperava ver tudo diferente.

Foi bem calculado: lançado há pouco mais de um mês, “The Getaway”, o décimo trabalho do grupo e o primeiro em cinco anos, ainda não é um álbum com o qual muitos estejam familiarizados. O acerto do RHCP foi ter pinçado dele só quatro músicas para mostrar ao vivo, enquanto concorria o mesmo horário com o duo inglês Disclosure em um palco e o DJ holandês Hardwell em outro. O UOL, em parceria com a Red Bull TV, transmite até domingo alguns dos principais shows do festival (acompanhe aqui).

“Dark Necessities”, primeiro single desde a insignificante "Brendan's Death Song" (2012), conseguiu adaptar-se melhor ao cardápio de mais de 20 anos da banda. Diferente das companheiras de álbum “The Getaway”, “Go Robot” e “Goodbye Angels”, que soaram deslocadas entre um apanhado dos melhores sucessos do RHCP. Junto a isso, eles fizeram um cover de “I Would For You”, do Jane’s Addiction, a banda de Perry Farrell, o “pai” do Lollapalooza, e que havia tocado algumas horas antes no mesmo palco.

E isso foi tudo de novidade que se viu. Desde a jam que dá início ao show até o encerramento com “Give It Away”, a apresentação do RHCP segue um mesmo script há anos. Para o bem e para o mal. Se, por um lado, é sempre mais do mesmo, por outro é garantia de ouvir e cantar junto clássicos como “Can’t Stop”, “Dani California”, “Snow ((Hey Oh))”, “Otherside”, “Californication”, “Under the Bridge” e “By the Way”.

Nesta noite, Anthony Kiedis estava especialmente empenhado, mostrando poucos sinais de esgotamento, que o levou a ser internado em maio por causa de uma infecção no estômago e a cancelar alguns dos shows. Mas é Flea no baixo e Chad Smith na bateria que continuam sendo o fio condutor de uma apresentação do RHCP, enquanto o guitarrista Josh Klinghoffer segue respeitando o espaço que já foi de John Frusciante.

No fim, o saldo é mais um bom show do Red Hot Chili Peppers, mas que prometia mais. Uma expectativa alta, já que a banda tem se distanciando cada vez mais de seu funk-metal tão característico --e de bons registros, como "Freaky Styley" (1985), "The Uplift Mofo Party Plan" (1987) e o ótimo "Blood Sugar Sex Magik" (1991)-- em direção a um caminho cada vez mais pop e comum.