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Turnês do Guns no Brasil tiveram brigas, atrasos e consagração; relembre

Do UOL, em São Paulo

11/11/2016 06h00

De volta ao Brasil com o trio clássico Axl, Slash e Duff pela primeira vez em 23 anos, o Guns N´ Roses não é exatamente um novato em terras brasileiras.

Já considerando o show da última terça (8) em Porto Alegre, a banda já fez 22 apresentações no país em sete anos diferentes. A próxima será em São Paulo, nesta sexta (11).

Algumas dessas passagens são históricas, como a do primeiro Rock in Rio, no estádio do Maracanã, quando o Guns saiu consagrado ante ao grande público.

Outras momentos a trupe de Axl Rose provavelmente faz questão de esquecer, como a excursão de 1992, quando comprou uma briga feia com jornalistas em São Paulo.

Veja abaixo um resumo de todas as turnês da banda no Brasil.

Axl Rose e Slash se apresentam no Rock in Rio de 1991 - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

1991: Estreia triunfal

A estreia do Guns N´ Roses no Brasil aconteceu em janeiro de 1991 e em grande estilo, na segunda edição do Rock in Rio. Para participar do “maior festival do planeta”, o grupo teve de dar uma pausa nas gravações dos álbuns “Use Your Illusion”, que seriam lançado apenas em novembro. Televisionados no Brasil e exterior, os dois shows no festival estão na galeria dos melhores e mais importantes da carreira do grupo, ante a um público recorde de mais de 140 mil pessoas em cada uma das noites. A banda apresentou várias músicas inéditas e saiu consagrada. Era a estreia do baterista Matt Sorum e do tecladista Dizzy Reed na banda. Também o início da febre megalômana do grupo, que sairia pela primeira vez com a própria turnê mundial.

9.dez.1992 - Axl Rose joga cadeira em jornalistas que o esperavam no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo - Helcio Toth/Folhapress - Helcio Toth/Folhapress
Imagem: Helcio Toth/Folhapress

1992: Guerra com a imprensa

Já divulgando os álbuns “Illusion”, o Guns voltou ao Brasil causando em 1992. Foram três shows em dezembro: dois em São Paulo, no estacionamento do Anhembi, e um no Rio, no antigo autódromo de Jacarepaguá. Os megashows seguiram o roteiro da turnê, mas a passagem acabou marcada mesmo pela declaração de guerra de Axl Rose à imprensa brasileira. Perseguido por fotógrafos na capital paulista, ele, que já era conhecido pelo temperamento intempestivo, chegou a jogar uma cadeira da sacada do hotel Maksoud Plaza, onde estava hospedado, em direção aos jornalistas. Ninguém se feriu. No palco, proibindo fotógrafos e cinegrafistas, Axl xingou e dedicou ironicamente a música "Double Talkin Jive" à imprensa brasileira. Depois do episódio, o Guns passaria a ser perseguido e ironizado frequentemente por jornalistas brasileiros.

Axl ao lado do baixista Tommy Stinson e do baterista Bryan Mantia no Rock in Rio 2001  - Paulo Whitaker/Reuters - Paulo Whitaker/Reuters
Imagem: Paulo Whitaker/Reuters

2001: Quem são esses caras?

A apresentação no terceiro Rock in Rio veio cercada de expectativas. Era apenas o segundo show oficiais da nova formação da banda. Mas quem eram  aqueles caras no palco?  Em tempos de pouca informação e internet incipiente, fãs chegaram a especular que por trás da máscara do exótico guitarrista Buckethead estava Slash. Nada disso. O show até teve seus momentos, mas em geral foi bem estranho. Com um Axl acima do peso e sem potência vocal, teve músicas novas, cover de Tim Maia, uma surreal entrada da bateria da Viradouro e uma homenagem à secretária brasileira do vocalista, Beta Lebeis. No início do show, Axl ainda pediu para os seguranças expulsarem um fã que carregava uma camisa de seu ex-amigo Slash.

Axl Rose e o guitarrista DJ Ashba (esq.) se apresentam em Brasília em 2010 - Sérgio Lima/Folhapress - Sérgio Lima/Folhapress
Imagem: Sérgio Lima/Folhapress

2010: Atrasos irritaram

A quarta passagem do grupo pelo país foi a mais tranquila em termos de confusão. E também a mais desinteressante. Dois anos antes, o grupo enfim havia lançado o álbum “Chinese Democracy”, depois de uma década de espera. O resultado, porém, não agradou tanto aos fãs. Foi a primeira vez que o grupo saiu do eixo Rio-São Paulo, indo também a Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre. Sem a histeria do passado, a turnê é considerada uma das mais fracas do Guns em terras brasileiras, com longos atrasos que irritaram o público, antes mais paciente com a “lua” de Axl. No Rio, a banda só entrou depois de duas horas. Em São Paulo, a espera foi de mais de três.

Axl Rose, vocalista do Guns N' Roses, durante apresentação no Rock In Rio - Marcelo Sayao/Efe - Marcelo Sayao/Efe
Imagem: Marcelo Sayao/Efe

2011: "Picapau descendo as cataratas"

O Guns se apresentou debaixo de chuva para cerca 100 mil pessoas no quarto Rock in Rio brasileiro. Semelhante às apresentações de 2010, o show teve longos intervalos e explicitou o que há anos já estava latente. Embora extremamente competentes, os novos músicos não tinham metade do carisma dos integrantes clássicos. A voz de Axl, mais paradão e com uma espécie de capa de chuva amarela ao estilo "Picapau descendo as cataratas", não estava na melhor forma. Apesar do show não ter empolgado, houve um fato positivo para os fãs: a banda voltou a tocar a épica "Estranged", após quase duas décadas. Desta vez, o vocalista culpou a chuva e a "produção inadequada" pelo atraso de 1h30.

Axl Rose se apresenta com o baixista Duff McKagan no Brasil em 2014 - Reprodução/Guns N' Roses Brasil - Reprodução/Guns N' Roses Brasil
Imagem: Reprodução/Guns N' Roses Brasil

2014: Início da reconciliação

A excursão de 2014 foi a maior do Guns N´ Roses no país. Ao todo, nove apresentações, incluindo pela primeiras vez duas datas no nordeste: Recife e Fortaleza. Baseadas no repertório do clássico “Appetite for Destruction” (1987), os shows contaram com o baixista Duff McKagan como convidado, marcando o início de uma onda nostálgica que culminou com a retomada do relacionamento de Axl com Slash, o embrião de seu retorno. Fato insólito da vez: durante a visita ao Recife, Axl conheceu e tietou a cantora Alcione, dando início a uma inesperada amizade "hard samba".