Wolf, Dixon, Water: os blueseiros resgatados no novo disco dos Stones
Após 11 anos, os Rolling Stones enfim lançaram nesta sexta (2) seu um novo e aguardado álbum de estúdio. Mas nada de músicas novas aqui. “Blue & Lonesome” é um tributo do grupo de Mick Jagger e Keith Richards ao estilo que os fizeram amar a música: o blues.
O foco do trabalho é a rica cena de Chicago dos anos 1940 e 1950, com releituras de gigantes como Willie Dixon, Howlin' Wolf e Little Walter, além de outros nomes importantes, embora menos incensados, como Lightnin' Slim e Magic Sam.
A estratégica de gravar um álbum de blues pode não ser lá tão original, mas, no caso de uma banda como os Stones, tem jeito de “acerto de contas”. No início de carreira, regravar seus heróis era a grande especialidade da banda, ainda em busca de sua identidade.
Mas você sabe de fato quem eles são esses caras? Veja a seguir os principais "blues-men" resgatados no novo álbum dos Rolling Stones.
Buddy Johnson (1915 -1977)
Pianista e “bandleader”, Buddy Johnson nasceu se notabilizou pela parceria com a irmã, Ella Johnson, que cantava suas músicas. A mais célebre delas: "Since I Fell for You". Apesar da origem jazzísticas, ele emplacou mesmo misturando blues, R&B e a música pop da época.
Diferentemente dos outros homenagedos no álbum, fez parte da cena de Nova York. Entre seus sucessos estão “Hittin' on Me", "Stormy Weather" e "I'm Just Your Fool", agora regravada pelos Rolling Stones.
Howlin' Wolf (1910-1976)
Sinônimo do blues de Chicago, Howlin' Wolf é uma verdadeira lenda do gênero. Com sua gaita, corpanzil e uma rouquidão inconfundível, ele nasceu no Mississipi e comeu o pão que o lobo da estepe amassou antes de despontar nos anos 1950.
Era rival de Muddy Waters, mas nem por isso escondia sua admiração pelo colega. Led Zeppelin, Cream e Aerosmith, apenas para citar três bandas de hard rock, já gravaram suas músicas. Em “Blue and Lonesome", os Stones apresentam a esquecida "Commit a Crime".
Memphis Slim (1915-1988)
Pianista virtuoso, Slim esteve à frente de várias bandas do chamado “jump blues”, estilo acelerado que utilizava saxofone, baixo e bateria. Um rock antes do rock. Natural de Memphis, como entrega o nome, é mais lembrado por "Every Day I Have the Blues", um dos grandes “standarts” do blues, "coverizado" por Ray Charles, Eric Clapton, Jimi Hendrix e Ella Fitzgerald.
Em 1962, se mudou para a França, onde gravou discos, atuou em filmes e morreu aos 72 anos, vítima de insuficiência renal. Sua "Blue and Lonesome" ganha versão e serve de título para o novo álbum da banda de Mick Jagger.
Magic Sam (1937-1969)
Nascido no Mississippi, Magic Sam se mudou para Chicago aos 19 anos, após tirar todas as músicas de Muddy Waters e Little Walter. Com o blues em alta no anos 1950, gravou seu primeiro álbum com apenas 20 anos, imortalizando na guitarra seu famoso efeito de “trêmulo”, que inspiraria o rock anos depois.
Morreu com apenas 32 anos, após sofrer um ataque cardíaco. A homenagem dos Rolling Stones vem com "All Your Love"
Little Walter (1930-1978)
Little Water está para a gaita assim como Jimi Hendrix está para a guitarra ou Charlie Parker para o saxofone. Tanto virtuosismo, aliado a uma técnica vocal impecável, fez de seu estilo um dos mais admirados no blues.
Como a maioria dos colegas, emplacou nos anos 1950, com faixas como “Juke", "Blues with A Feeling" e “My Babe”. De temperamento intempestivo, dificilmente fugia de alguma briga. A última delas acabou o levando à morte, com apenas 37 anos. Os Stones regravam duas dele: "I Got to Go", "Hate to See You Go".
Eddie Taylor (1923-1985)
Músico autodidata do Mississippi, Taylor ensinou ninguém menos do que Jimmy Reed a tocar guitarra. Apesar do talento inegável, nunca alcançou o status de outros "blues men" da cena de Chicago.
Além de Reed, também acompanhou John Lee Hooker, Big Walter Horton e Earring George Mayweather, registrando músicas como "You'll Always Have A Home", "Don't Knock At My Door" e "Big Town Playboy". De seu repertório os Stones pinçam a pulsante "Ride 'Em On Down".
Willie Dixon (1915-1992)
Junto de Muddy Waters, Willie Dixon talvez seja o blueseiro mais influente do pós-guerra. A lista de músicos que já o gravaram é extensa: Jeff Beck, The Doors, Led Zeppelin, Steppenwolf, Bob Dylan... Vencedor do Grammy em 1989, é um dos poucos heróis do gênero especializado no contrabaixo.
Em parte devido a isso, várias de suas composições se tornaram clássicos na voz alheia: "Back Door Man" (com Howlin' Wolf), "Bring It On Home" (Sonny Boy Williamson) e "Hoochie Coochie Man" (Muddy Waters). Os Rolling Stones revisitam "Just Like I Treat You" e "I Can't Quit You Baby", que também está no primeiro álbum do Led Zeppelin.
Lightnin' Slim (1913-1974)
Vindo de Louisiana, Lightnin' Slim (ou Otis Verries Hicks, seu nome de batismo) é frequentemente incluído nas lista de melhores blueseiros da história, mesmo relegado à sombra em boa parte da carreira. Desiludido com a música, chegou a desistir da carreira e trabalhar em uma fábrica automotiva em Michigan.
Seria redescoberto apenas nos anos 1970, quando voltou a excursionar e a fazer sucesso nos Estados Unidos e Europa. Morreu pouco depois disso, aos 61 anos, com um câncer no estômago. Os Stones resgatam “Hoo Doo Blues”, parceria com Jerry West.
Jimmy Reed (1925-1976)
Jimmy Reed chegou a servir a Marinha americana durante a Segunda Guerra Mundial. Adorado por Elvis, Eric Clapton e Stevie Ray Vaughan, é responsável por "Baby What you Want me to Do", "Big Boss Man" e "Bright Lights, Big City", lançados pela história gravadora Vee-Jay. Mas ele poderia ter feito ainda mais sucesso não tivesse sido domado pelo alcoolismo durante a carreira.
Além do vício, ele também tinha epilepsia, só diagnosticada depois de muito tempo. Fãs de rock costumam se lembrar dele por causa do primeiro disco dos Rolling Stones, que traz uma versão de "Honest I Do". No novo álbum, o grupo relembra "Little Rain".
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