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Almir Guineto, um dos fundadores do grupo Fundo de Quintal, morre aos 70

Do UOL, em São Paulo

05/05/2017 13h24

O músico Almir Guineto, um dos nomes mais importantes do samba de raiz, morreu aos 70 anos às 12h40 desta sexta-feira (5), no Rio de Janeiro, em decorrência de problemas cardíacos e insuficiência renal. A informação foi confirmada pela assessoria do artista.

Guineto estava internado desde o dia 3 de fevereiro, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão, na Zona Norte do Rio, para tratamento de uma pneumonia e complicações provocadas pela diabetes. O músico, no entanto, estava há 15 meses longe do palco. Na tarde de quinta-feira (4), o carioca teve uma parada cardíaca, foi reanimado e respirava com ajuda de aparelhos.

O corpo do cantor será velado na quadra do Salgueiro, no bairro carioca da Tijuca, a partir das 15h de sábado (6). O enterro acontece será no domingo, às 15h, no Cemitério de Inhaúma.

Mestre de bateria e ex-diretor do Salgueiro, Almir Guineto fez parte do grupo de compositores do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos. Foi nessa época em que ele fundou o grupo Fundo de Quintal, mas seguiu carreira solo logo após o conjunto lançar o primeiro LP. Nos anos 1980, alcançou sucesso comercial com os sambas "Insensato Destino", "Mel na boca", "Lama nas ruas", "Conselho" e "Caxambu".

Com Jorge Aragão e Luiz Carlos compôs o clássico "Coisinha do Pai", imortalizado na voz de Beth Carvalho. Em 1997, a música foi tocada em Marte para "acordar" o robô Pathfinder. 

O grupo Fundo de Quintal será o homenageado pela Mancha Verde no Carnaval de 2018 com o enredo "A Amizade, a Manche Agradece do Fundo do Nosso Quintal". O Cacique de Ramos já foi homenageado em 2012 pela Mangueira, com um enredo sobre os 50 anos do bloco. 

Sambistas e pagodeiros como Alcione, Salgadinho, Alexandre Pires e Belo lamentaram a partida do parceiro, mestre e professor. "O samba está de luto", declarou Alcione.

O músico deixa a esposa Regina Caetano, três filhos (Almirzinho Serra, Walmir Serra e Hugo Serra) e quatro netos.

Do Morro do Salgueiro a Marte

Nascido no Morro do Salgueiro, no Rio de Janeiro, em julho de 1946, Almir de Souza Serra, o Almir Guineto, foi um dos maiores representantes do samba de raiz, trilha sonora de sua infância. Seu pai Iraci de Souza Serra era violonista e sua mãe Nair de Souza, conhecida como "Dona Fia", era costureira e uma das principais figuras da Acadêmicos do Salgueiro.

Nos anos 1970, já mestre de bateria, Guineto foi um dos principais incentivadores para a criação do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, um dos marcos do Carnaval de rua do Rio de Janeiro. Da folia surgiu o grupo Fundo de Quintal, composto originalmente por Guineto, Bira Presidente, Jorge Aragão, Neoci, Sereno, Sombrinha e Ubirany.

Nas rodas de samba, Guineto inovou ao introduzir um banjo com afinação de cavaquinho. A sonoridade diferenciada influenciaria grupos na época e daria origem ao pagode.

O Fundo de Quintal ganhou notoriedade no disco “De Pé no Chão”, de Beth Carvalho, em 1978. A cantora também foi a principal entusiasta das canções de Guineto ao gravar e emplacar nas rádios “É, Pois É”, “À Luta, Vai-Vai” e “Coisinha do Pai”, um de seus sambas mais clássicos.

O músico deixou o grupo logo após a gravação do LP "Samba é no Fundo de Quintal" para lançar “O Suburbano” (1981), o primeiro disco da carreira solo, que teria grande sucesso comercial na década com "Insensato Destino", "Mel na Boca" e "Lama nas Ruas".

Em 1997, "Coisinha do Pai" foi programada pela engenheira brasileira da Nasa Jacqueline Lyra para acionar um robô norte-americano em Marte. A ida de um samba seu para outro planeta o inspirou a compor "Samba de Marte".

Seu último disco de inéditas, “Cartão de Visita”, foi lançado em 2012.