Salário trocado e fã em show errado: Perrengues de artistas com mesmo nome
Direitos autorais trocados, fãs em shows errados, imagem trocada na imprensa e bens que surgem de uma hora para outra. Esses são apenas alguns dos perrengues que sofrem os artistas homônimos, aqueles que compartilham do mesmo nome.
A música brasileira tem um longo histórico de casos assim: Dos mais simples e populares, como Maria Rita, ou de nomes mais diferenciados, como a cantora Liniker, que passou a ficar conhecida ao mesmo tempo em que Lineker.
Às vezes a coincidência dá uma bela dor de cabeça. Não raro gera conflitos, troca de nomes, mudanças na carreira e até questões judiciais – mas tem casos em que a semelhança acaba gerando mais amizade que concorrência.
É Karol Conka ou Karol Ka?
Desde que deixou a primeira edição do “The Voice”, Karol Candido voltou sua carreira para o pop. Ela participou do reality de funkeiras "Lucky Ladies" e se viu com a necessidade de um novo nome artístico. Nascia então Karol Ka, inspirado no apelido de criança: “Cacá”. Ela conta que soube da existência da rapper curitibana Karol Conka apenas em 2014. “Só percebi quando me marcaram em um clipe que eu não tinha lançado, com comentários como: ‘e aí, Carol, tombou mesmo hein!’”, explica a cantora ao UOL. Era “Tombei”, hit que tornaria sua xará conhecida nacionalmente. Mas ao invés de evitar a comparação, Karol Ka incluiu a música no show em que canta covers do pop. “Amo essa música, mas ela não é minha”, ela gosta de deixar claro. No fim, a mineira de 29 anos não vê inconveniência com o nome parecido: “Ninguém confunde Xande de Pilares com o Xanddy do Harmonia, não é?”, questiona.
Bem, vamos deixar os ‘Xandes’ responderem:
Separados por algumas consoantes
Um é baiano e canta axé. O outro é carioca e canta pagode. Mesmo separados geograficamente – e por algumas consoantes -- Xanddy, vocalista do grupo Harmonia do Samba, e Xande de Pilares, ex-Revelação, já sofreram com a confusão. A pior foi com o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), que confundiu os dois compositores e trocou os repasses dos direitos autorais. "Eu procurei o Xande para resolver, e ele me respondeu rindo que também tinha recebido direitos autorais meus”, contou o baiano em 2015 ao UOL. Xande acabou gastando o montante antes de perceber a confusão, mas Xanddy garante que se saiu melhor com a troca. "Acho que eu ganhei mais do que ele", brincou. "As músicas dele são mais famosas que as minhas."
Prazer, João Bosco (Mas não é o do “Papel Machê”)
A essa altura você deve saber que João Bosco e Vinicius não é uma parceria desconhecida entre o cantor e violonista João Bosco e o poeta Vinicius de Moraes, mas tem quem ainda confunda a dupla sertaneja, em especial João. Certa vez, o sertanejo recebeu uma ligação a respeito de dois terrenos em Minas Gerais e o pedido de se fazer uma escritura. O lote, a propósito, era referente ao ano de 1983. “Uai, eu tinha dois anos de idade e já era dono de dois terrenos em Minas?”, relembra de ter dito ao telefone. “Foi quando viram que eu não era o João Bosco do ‘Papel Machê’”, contou ao UOL.
Não, era o João Bosco de “Precipício”:
Marília Mendonça da inclusão
A pernambucana Marília Mendonça gosta de deixar claro que não tem nada a ver com a cantora de mesmo nome que estourou no Brasil com “Infiel”: “É muito diferente o meu trabalho para o dela. Eu foco em ações sociais”, define a cantora de 23 anos, que começou na música em 2014, mesmo ano em que sua xará, com a regravação do hino nacional com legendas em português e na língua brasileira de sinais (LIBRAS). Deficiente visual desde o nascimento, ela deu continuidade ao trabalho de inclusão com o disco “Sorrir É Muito Bom”. Apesar de tantas diferenças, ela conta que já passou por poucas e boas por ter um nome tão conhecido. “[A sertaneja] Veio tocar em Pernambuco ano passado. Quando a Globo foi anunciar o show acabaram colocando minha foto, porque já estava no arquivo”, relembra. “Minhas amigas começaram a falar que eu tinha aparecido na televisão, e achei estranho, porque não tinha dado nenhuma entrevista recente”, acrescenta, aos risos.
“Ih, errei de Liniker”
Quando Liniker estourou no YouTube com uma sessão caseira de suas músicas, outro cantor com o mesmo nome curioso preparava o segundo disco. Lineker – com ‘e’ -- procurou o xará para entender melhor como seria trabalhar com nomes (e público) tão parecidos. Do encontro nasceu uma amizade e um combinado: “No fim, ela adotou o nome Liniker e os Caramelows como forma de diferenciar um pouco nossos nomes”, conta Lineker. Ainda assim, alguns fãs desatentos continuam a confundir os shows. “Já foram fãs da Liniker parar no meu show e eu já soube de gente que achou que estava indo ao meu show e não era”, conta. “Também já chegaram alguns e-mails para minha produção de gente achando que estava falando com a produção da Liniker.”
Se você ainda tem dúvidas, este é o Lineker:
Quem é a filha de Elis aqui?
Outro nome em ascensão na cena independente, a paulistana Maria Rita viu toda sua carreira mudar com a chegada da filha de Elis Regina, em 2003, impulsionada pelo sucesso “A Festa”. “As pessoas iam ao camarim chorando e me dizendo: 'Você é a cara da sua mãe, sua voz é igual à dela'. Caíram muitas fichas para mim”, disse a cantora à “Folha de S. Paulo” na época. Para escapar da comparação, não restou outro caminho se não inverter o nome para Rita Maria. Em um divertido texto em seu antigo site, a artista se definiu como “uma cantora genética”: "Dou aulas de canto, rejo coro, trabalho com gente que vê na música uma forma de humanização. Vivo de música genérica, e isso é maravilhoso". Hoje ela dá mais aulas do que canta.
George Ben
Nos anos 1970, Jorge Ben vinha ganhando visibilidade internacional quando resolveu acrescentar um ‘Jor’ no sobrenome – anexo que ele carrega até hoje. O motivo seria mais uma confusão com os direitos autorais, dessa vez com o cantor e guitarrista norte-americano George Benson. Curiosamente, George e Jorge não somente compartilham o nome como também o aniversário: 22 de março.
“Seu nome já está registrado, senhora”
A cantora Rita Ribeiro vinha de uma experiência de sucesso ao juntar música de matriz africana com batida eletrônica. De uma hora para a outra, os fãs foram pegos de surpresa: Rita deixava Ribeiro de lado para se tornar Rita Beneditto. A razão? Seu nome já havia sido registrado por outra cantora brasileira. Sem saco para entrar na justiça, Rita foi atrás de suas origens para assumir o novo sobrenome: Beneditto é uma reverência ao preto velho Pai Benedito d'Angola, ao próprio pai que carregava o nome, e um encanto pela dualidade entre masculino e feminino. E vamos combinar: Tem tudo a ver com a música da Rita!
Não se confunda mais:
Veja quem mais compartilha do mesmo nome na música
Armandinho: Guitarra baiana ‘versus’ guitarra praieira
Netinho: Um é do beijo geladinho, o outro é do beijo na boca
Maria Alcina: Uma é portuguesa, a outra é brasileiríssima
Phil Collen x Phil Collins: Separados por um corpo malhado
Mick Jones: Tome cuidado, às vezes informações do guitarrista do Foreigner aparecem relacionadas na discografia do guitarrista do The Clash
* Com informações de Rodolfo Vicentini
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