Com show impecável, Elza Soares bota dinamarqueses para sambar em festival
Dinamarquês não é uma língua fácil de aprender. Português também não é. Então para que complicar? Deixe que cada um fale a sua língua e que tudo termine em samba. Na tarde desta quinta-feira (29), Elza Soares usou dessa máxima e fez uma apresentação impecável no Festival de Roskilde, na Dinamarca. Ela mostrou ao país nórdico a turnê “A Mulher do Fim do Mundo”, que em 2016 entrou na lista de dez melhores do ano do crítico Jon Pareles, do “The New York Times”.
O UOL, em parceria com a Red Bull TV, que está gerando as imagens, transmite nesta quinta-feira (29), às 18h30, a apresentação que a cantora fez em Roskilde.
No palco, ela contou diversas histórias divertidas, todas em português. Havia, pelo menos, uns dez brasileiros na plateia. Todos riram, inclusive os dinamarqueses, embora não se possa garantir que eles também tenham entendido coisa alguma.
Mas nem precisou. Bastou Elza começar a cantar seus sambas para o público dançar meio desengonçado as faixas de seu novo disco. Muitos dinamarqueses, inclusive, cantaram juntos os refrões das músicas “Pra Fuder” e “Mulher da Vila Matilde”. “Todas as mulheres tem que denunciar seus agressores. Tem que denunciar. Não vamos nos calar”, disse a cantora em português.
“Não entendi nada do que ela cantou. É a primeira vez que ouço falar de Elza Soares e estou completamente arrebatada. Ela é deslumbrante. Conheço Tom Zé, Mutantes e Elis Regina, mas nunca tinha ouvido a Elza. Quantos anos ela tem? Por que ela está sentada na cadeira?”, disse a finlandesa Hratnhildns Halldorsdottir, 43, que dado a complexidade de seu nome, pediu para ser chamada apenas de Raxla.
Quando Raxla soube que Elza tinha mais de 80 anos e caminhava com dificuldade, daí ficar sentada em seu trono, a reação foi de uma surpresa ainda maior. “Vou imediatamente comprar toda a discografia dela. Sua voz é única. Eu não esperava ouvir algo assim”, completou.
Elza Soares se apresentou em um dos horários mais concorridos do Festival de Roskilde. Em outros palcos, também estavam se apresentando a banda Royal Blood e a irmã da cantora Beyoncé, Solange. Embora o show de Elza não estivesse lotado, o público a acompanhou até o fim.
A dinamarquesa Maja Setten Mollev, 37, também curtiu a apresentação de Elza, embora já a conhecesse e até fale um pouco de português. “Queria agradecer a Elza por nos dar o prazer de sua brilhante presença aqui. Ela é punk e tem classe. Ela é uma verdadeira diva. Obrigado Elza”, afirmou Maja.
Era possível ver duas bandeiras do Brasil na plateia, uma delas com o dizeres de “Fora Temer”. Quem a segurava era Rafael Penteado Vitta, 30, que mora na Dinamarca e há três anos trabalha como voluntário para o festival.
“Prestigiamos todos os shows de brasileiros. Quando soube que Elza viria cantar, eu tive que vir assistir também. É uma honra”, finalizou o jovem, que está acampado nas redondezas do festival há mais de uma semana.
Ao deixar o palco, a cantora usou suas redes sociais para celebrar o sucesso da turnê.
*O repórter viajou a convite da Red Bull Brasil
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