Amigo de Faustão, Caçulinha está feliz na Gazeta: "Estaria parado na Globo"
Rubens Antônio da Silva, o Caçulinha, passou 25 anos fornecendo “música incidental” para o “Domingão do Faustão”, em aparições que lhe renderam status de celebridade da TV. Com o fim do segmento musical da atração, ele acabou escanteado na TV Globo até 2014, quando se desligou oficialmente da emissora carioca, perdendo seu principal ganha-pão.
Hoje na TV Gazeta, onde estrela o programa “Todo Seu”, do apresentador Ronnie Von, Caçulinha está "tranquilão". Jura não nutrir qualquer resquício de mágoa direcionada a Fausto Silva, embora reconheça que eles já tiveram lá suas diferenças, sempre profissionais, que culminaram em uma "demissão temporária” em 2009.
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“A gente é amigo de verdade. Vou sempre na casa dele. No final do mês agora tenho a última pizza do ano. Vou lá e ele dá de presente um panetone italiano maravilhoso. A gente é amigo de falar: 'O que que você tá precisando aí?'”, afirma Caçulinha ao UOL.
Feliz com a liberdade que a nova emissora proporciona, o músico ganha menos, muito menos, do que nos tempos de Globo. Mas, dos problemas, ele diz, esse é o menor. "Sempre perguntam se sinto muito a falta. Eu falo: ‘Ôrra, meu, no dia 30 é danado, viu?’. O dinheiro da Globo é outro, completamente diferente. Mas estou muito contente agora. O Ronnie me deixa tocar, me deixa falar, me elogia. Faço o que quero no programa.”
UOL - Como foi parar no programa “Todo Seu”?
Caçulinha - O convite surgiu através do Nilton Travesso [ex-diretor do programa], junto do Ronnie Von. O convite foi para fazer um programa especial de Natal, e era na casa do Ronnie. Daí o Ronnie falou: “Você podia ficar com a gente”. O Milton já chegou falando: “Vai ficar, sim”. Eu já tinha terminado meu contrato com a Globo, estava paradinho esperando ter o que fazer. Ia no programa de um, no programa de outro. Vim parar no “Todo Seu”, e já vai fazer dois anos em dezembro.
Como é o Ronnie no ambiente de trabalho?
Ele é educado demais, rapaz. E com ele não tem crise nenhuma. Tudo tá bom, tudo tá certo. Ele fica sempre quietinho na dele e te respeita. Ele é maravilhoso.
Como você acabou escanteado na Globo?
Eu estava provisório no fim. O Faustão havia acabado com a música no programa. Eu continuei fazendo a parte comercial, com os jingles do programa. Mas os contratos de merchandising foram acabando, e não tinha mais música para fazer. Ficou só a Fininvest, que também acabou em seguida. Fiquei um ano lá, só ouvindo piadinha e fazendo bobagem. Mas o Fausto é meu amigo, até hoje. Vou na casa dele. A gente sempre se fala.
Nenhuma mágoa?
Nenhuma. Se estivesse lá hoje, estaria parado. Estou feliz no Ronnie Von. Sempre me perguntam se eu sinto muito a falta da Globo. Eu falo: “Ôrra, meu, no dia 30 é danado, viu?”. O dinheiro da Globo é outro, completamente diferente. Mas estou muito contente agora. O Ronnie me deixa tocar, me deixa falar, me elogia. Faço o que quero no programa.
Era desgastante trabalhar com Faustão? Ele sempre partia para o bullying com você.
Ele atacava pra valer, e depois me perguntava: “Você fica bravo, meu?”. Eu dizia: “Que bravo o quê?". A gente saía para jantar, almoçar. No início, eu viajava com ele para fazer shows. Era uma viagem musical. Ele brincava: “Caçulinha, como faz com seu nome na Itália? Cazzo-linha? O que as pessoas tocam lá?”. Aí eu tocava uma tarantela. “E na França, Caçu-lê”? Isso não é nome de feijão?”. Aí eu tocava música francesa. A gente fazia um show legal com versões. Nisso, fomos parar na Globo por meio do Boni. O Boni estava lá e o Vanucci me levou para falar com ele. “Vamos fazer o Gordo na Globo?” Fomos nessa. Hoje o Gordo ganha R$ 5 milhões por mês.
Ainda considera Faustão um amigo?
Ele é meu amigo de verdade. Vou sempre na casa dele. No final do mês agora tenho a última pizza do ano. Vou lá e ele dá de presente um panetone italiano maravilhoso. A gente é amigo de falar: “O que que você tá precisando aí?”.
Qual a principal diferença em trabalhar em uma emissora menor como a Gazeta?
Eu sou contratado da Gazeta e faço a chamada do final de ano. Músico fazer chamada de final de ano é dificílimo. Normalmente é artista ou pessoa com outro tipo de contrato. Estou contente. Na TV aberta, numa emissora como a Globo, você briga com números, né? Se não deu audiência, tudo que você faz é em vão. Pelo menos aqui na Gazeta a gente tem a liberdade de fazer o que quer. Um programa de qualidade e pronto. Não há necessidade de se preocupar com o "reloginho" de audiência.
Na Globo, você briga com números, né? Se não deu audiência, tudo que você faz é em vão. Pelo menos aqui na Gazeta a gente tem a liberdade de fazer o que quer. Um programa de qualidade e pronto. Não há necessidade de se preocupar com o “reloginho” de audiência.
Caçulinha
Muita gente ainda lembra do caso em que o Tico Terpins, do Joelho de Porco, te enviou uma intimação falsa que dizia que uma marca de cerveja estava te processando pelo uso indevido do nome Caçulinha. Isso aconteceu de verdade?
Aconteceu! Esse maldito do Tico. Ele me levou na Justiça, rapaz. Ele fez uma intimação falsa, que chegou na minha casa. E no dia seguinte tive que ir no Fórum, às 2 da tarde. Fui lá com o advogado do Faustão. A intimação era perfeita. Fiquei procurando a vara, aí um amigo de um amigo advogado falou: “Mas o que que você está fazendo aqui?”. Falei: “Me chamaram, estou zanzando há meia hora”. Aí ele foi no distribuidor de processos e disse: “Não existe essa vara, não. Inventaram”. Eu já estava na Globo. Botei terno, gravata, que nem tonto. A intimação era que a Antártica estava me processando por usar o nome Caçulinha. Olha que maldito o que ele bolou? (risos) Era um maldito, mas era meu amigo.
Quando você voltará a lançar disco?
Uma anos atrás lancei o "Caçulinha na Bossa Nova". Foi bom, ainda estava na Globo. Tenho vontade de continuar lançando. Qualquer hora vou fazer. Quero fazer um disco de bolero. Acho que tem tudo a ver fazer um [disco] agora com grandes sucessos de bolero. Tipo Luis Miguel. Bem orquestrado, bem feito. Com piano, acordeão. Fazer um negócio diferente.
Você já tocou com Teixerinha, João Gilberto, Gonzaguinha. Qual foi a melhor experiência?
A parceria com o Teixeirinha tem um valor extraordinário. Eu gravei com ele e a Mary Terezinha, acordeonista dele. Ele gravava com dois acordeões. Gravamos “Coração de Luto”. Maior sucesso no Brasil todo. Toquei com João Gilberto em um show maravilhoso. Quatro dias tocando com ele. Toda parceria é especial. Todo mundo é muito educado, e eu também. Eu não contrario artista, de querer impor determinadas coisas. Meu pai que falava: “Você não pode pisar no pé de artista. Se pisar em um, vai ter que pisar no outro. Senão ele vai andar e bronquear”.
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