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Funk mais viralizado do momento é acusado de fazer apologia ao estupro

Yasmin Formiga aparece com uma maquiagem como se tivesse sido violentada e segura um cartaz com o polêmico verso - Reprodução/Facebook
Yasmin Formiga aparece com uma maquiagem como se tivesse sido violentada e segura um cartaz com o polêmico verso Imagem: Reprodução/Facebook

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

17/01/2018 13h06Atualizada em 17/01/2018 19h26

A música mais viralizada do momento no Spotify, um dos principais serviços de música do mundo, tem sido acusada de fazer apologia ao estupro. Lançado no final de 2017, o funk "Só Surubinha de Leve", de MC Diguinho, um hit já presente nos fluxos e pancadões, alcançou nesta semana o topo do ranking Brazil Viral 50 e chegou ao 9° lugar na lista mundial da plataforma de streaming.

O vídeo com o áudio somou 14 milhões de visualizações em um mês no YouTube e o clipe oficial estava previsto para ser lançado nesta quarta-feira (17) às 21h. Com o feito, o funk poderia ser candidato fácil a hit do Carnaval, isso se a composição não tivesse incomodado tantas pessoas.

Além de trazer conteúdo depreciativo às mulheres (há frases como "só uma surubinha de leve com essas filha da put*" e "pode vir sem dinheiro, mas traz uma piranha aí"), o verso principal da música sugere embriagar intencionalmente uma mulher para depois estuprá-la: "Taca a bebida, depois taca a pica e abandona na rua", diz a letra.

A reação nas redes sociais foi de revolta. Em um dos posts mais compartilhados no Facebook, a estudante de artes visuais Yasmin Formiga aparece com uma maquiagem simulando agressão e segurando nas mãos um cartaz com o verso da música de Diguinho.

"Sua música ajuda para que as raízes da cultura do estupro se estendam. Sua música aumenta a misoginia. Sua música aumenta os dados de feminicídio. Sua música machuca um ser humano. Sua música gera um trauma. Sua música gera a próxima desculpa”, protestou a estudante. “Não tem mais para que 'aceitar' músicas que nos diminuem diariamente, passou do tempo de naturalizar esse tipo de coisa", diz o texto publicado pela paraibana.

Rapidamente uma campanha começou a circular nas redes sociais, através de reclamações e abaixo-assinados, para que a música fosse excluída das plataformas.

"Música será retirada"

O Spotify afirmou ao UOL que, em contato com a distribuidora da música "Só Surubinha de Leve", foi avisado que a faixa será retirada, “uma vez que o tema foi trazido à nossa atenção". "A música está atualmente no Top Viral pois teve um pico de consumo nos últimos dias”, informou a empresa. 

A música chegou a ser excluída no final da tarde desta quarta-feira e desapareceu da lista dos virais, mas voltou ao catálogo minutos depois. Contrariando a decisão da plataforma, outra distribuidora publicou a mesma faixa como lançamento do dia. O Spotify voltou a afirmar que a faixa será retirada nas próximas horas.

Na Deezer, outra plataforma de streaming popular no Brasil, a música já foi retirada do catálogo. "Estamos em processo de análise de outros conteúdos para tomar as providências cabíveis", afirmou a empresa. A música também foi excluída da Apple Store e do YouTube.

Após a polêmica, Diguinho trancou seus perfis no Instagram e no Twitter, onde nos últimos dias divulgava trechos da gravação do clipe. O UOL entrou em contato com a produtora do funkeiro, mas não obteve retorno até o momento.

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"Vai, Faz a Fila"

Não é "Só Surubinha de Leve" que está no alvo das críticas: outro funk na lista dos virais do Spotify também fala sobre sexo não consensual. "Vai, Faz a Fila", de MC Denny, aparece em 30º lugar com versos como: "Vou socar na tua b***** sem parar/ e se você pedir pra mim parar, não vou parar/ Porque você que resolveu vir pra base transar/ então vem cá, se você quer, você vai aguentar".

Em outro trecho, o funkeiro afirma que a mulher terá que fazer fila para "f*der com três, com seis, 16, sei lá".

Repercussão nas redes sociais

A dupla de youtubers Carol e Vitória gravou uma versão em resposta à música: