Topo

Entre blues e sons do Oriente, Robert Plant faz releituras de velhos clássicos do Led Zeppelin

Robert Plant faz show no HSBC Arena na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O ex-vocalista do Led Zeppelin  traz recriações do blues com o grupo Sensational Space Shifters e ainda se apresentará em Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Curitiba e Porto Alegre (18/10/12) - Alex Palarea e Roberto Filho/Agnews
Robert Plant faz show no HSBC Arena na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O ex-vocalista do Led Zeppelin traz recriações do blues com o grupo Sensational Space Shifters e ainda se apresentará em Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Curitiba e Porto Alegre (18/10/12) Imagem: Alex Palarea e Roberto Filho/Agnews

Alexandre Coelho

Do UOL, no Rio de Janeiro

19/10/2012 02h30

Roqueiros de todas as idades reuniram um bom público para o show de abertura da turnê do cantor Robert Plant no Brasil, na noite de quinta-feira (18), no HSBC Arena, no Rio. Dezesseis anos depois de sua última passagem pela cidade, no Hollywood Rock de 1996 --quando cantou, ao lado do ex-parceiro de Led Zeppelin Jimmy Page alguns dos grandes sucessos de sua antiga banda--, dessa vez Plant teve como base para o show canções mais recentes de sua carreira solo, com algumas poucas e adequadas concessões para músicas do Led.

Marcado para as 21h30, o show teve início às 22h02 com pista cheia e arquibancada nem tanto. De calça jeans e camisa de manga comprida preta, o ídolo subiu ao palco acompanhado da banda The Sensational Space Shifters, que o acompanha atualmente. A maior parte do repertório, pouco conhecido do grande público, tem um pé no blues de raiz do sul dos Estados Unidos, e o outro na world music do norte da África, com clara influência dos sons que vêm do Oriente. Na prática, isso inclui, no palco, a presença de instrumentos exóticos, como os africanos ritti (espécie de violino de uma corda só) e o kologo (espécie de banjo), além de peças de percussão de vários tipos.

Tão simples quanto o figurino do protagonista da noite eram a iluminação e a cenografia. Esta, por exemplo, se resumia a um pano de fundo com a foto de Plant --40 anos mais jovem, diga-se-- estilizada, envolta por temas psicodélicos e pelo nome da banda. Se por um lado a plateia não chegava a se empolgar, em função das canções pouco conhecidas, por outro aplaudia ao final de cada música, como que reconhecendo a qualidade do trabalho e a honestidade de um artista que vem se reinventando e criando novos rumos musicais para sua carreira.

Com movimentos contidos no palco, a fim de poupar o fôlego, Plant foi enfileirando, com certa discrição, músicas próprias e homenagens a Howlin’ Wolf, até apresentar uma insuspeita versão de “Black Dog”, clássico do Led Zeppelin, totalmente desfigurada, à base de tambor africano e slide guitar. O público cantou junto os vocalizes da música e aprovou, ao final, com calorosas palmas.

Se a voz de Plant já não tem os mesmos agudos que fizeram escola no universo do hard rock, ao menos ela dá conta do recado no que o cantor se propõe, sem decepcionar. O público, morno, apesar de respeitoso, só voltou a vibrar mesmo com “Ramble On”, outro sucesso do velho Led, inteiramente compatível com a proposta estética do show. E também quando o ídolo, simpático, arriscou um “E aí, galera!”, em um nem tão bom português.

Depois de um medley que incluiu outras canções (ou apenas citações de músicas) de sua antiga banda e de uma breve saída do palco, Plant e os Sensational Space Shifters voltaram para um bis, agora sim, só com canções do Zeppelin. Surpreendentemente, o set adicional foi aberto com a belíssima “Going to California”, cantada, em parte, pela audiência. A sequência trouxe “Gallows Pole” e, grand finale, “Rock’n’roll”, a música mais querida do Zeppelin no Brasil, berrada a plenos pulmões por todos os presentes.

Depois de 1 hora e 45 minutos de show, para o microempresário Fernando Morales, de 49 anos, a espera valeu a pena. “Falar o quê? Que eu me emocionei? Que foi sensacional? Esta foi a segunda vez que eu assisti ao Robert Plant. A primeira foi em 1996. Esperei 16 anos para vê-lo novamente, e vou ao show de São Paulo, na próxima segunda-feira”, garante.

Na passagem anterior de Plant pelo Rio, o estudante Henrique Barcellos, de 15 anos, sequer era nascido, mas fez questão de não perder a oportunidade agora. “Adorei o show, foi muito bom, maravilhoso. Conheci o som do Robert Plant por influência de amigos e curti muito. Gosto muito do trabalho atual dele. E, ao vivo, sua voz me surpreendeu. Continua muito boa”, elogiou.

Depois do Rio, a turnê brasileira de Robert Plant segue para Belo Horizonte (20), São Paulo (22), Brasília (25), Curitiba (27) e Porto Alegre (29).

Veja o repertório do show

“Fixing to Die”

“Tin Pan Valley”

“44” (Howlin’ Wolf)

“Friends”

“Spoonful” (Howlin’ Wolf)

“Somebody Knocking”

“Black Dog”

“Down to the Sea”

“Road to the Sun”

“Another Tribe”

“Ramble On”

“I’m Your Witchdoctor” (John Mayall & The Bluesbrakers)

“Who Do You Love” / “Whole Lotta Love” / “Steal Away” / “Bury My Body”

Bis:

“Going to California”

“Gallows Pole”

“Rock’n’roll”