Topo

Jorge Drexler encerra Virada com versões de músicas brasileiras e coro do público

Mariana Pasini

Do UOL, em São Paulo

19/05/2013 19h34Atualizada em 20/05/2013 12h55

Foi com um show "família" no Palco Júlio Prestes que o uruguaio Jorge Drexler encerrou neste domingo (19) a sessão de shows de uma Virada Cultural violenta, marcada por duas mortes e alguns arrastões. Com pouco mais de 10 músicas, a apresentação foi recheada com versões de compositores brasileiros, como Arnaldo Antunes e Caetano Veloso, e coros entusiasmados da plateia, que cantou junto em todas as canções.

Pouco depois de abrir a performance com uma versão à capela de "Al Otro Lado del Río", música para o filme "Diários de Motocicleta" com a qual ganhou o Oscar de melhor canção original em 2005, ele tirou o paletó, arrancando gritos femininos e masculinos da plateia. "Estou com calor", justificou, em português.

O público de cerca de 3 mil pessoas cantou junto em todas as canções - se já não sabiam os versos de cor, aprendiam na hora e acompanhavam o uruguaio - e não hesitou em gritar "Lindo!" para o cantor.

Drexler mostrou-se um grande conhecedor da música brasileira, em especial de Caetano Veloso, de quem cantou três músicas: "Sampa", em versão em espanhol, "Dom de Iludir", que misturou com a sua "Don de Fluir", e "Fora de Ordem", a penúltima da apresentação, que mesclou com a sua "Deseo", com uma leve pegada reggae.

Essa música ['Disneylândia'] foi escrita nessa cidade em 89. Sempre falei que ela só poderia ter sido escrita em São Paulo, cidade cosmopolita e aberta. Ontem eu confirmei isso, porque a fauna era bem cosmopolita

Jorge Drexler, durante sua apresentação no Palco Júlio Prestes na Virada Cultural

Outro compositor brasileiro que não ficou de fora foi Arnaldo Antunes, cuja música "Disneylândia" Drexler cantou pouco depois da metade do show. "Essa música foi escrita nessa cidade em 89", disse ele antes de anunciá-la. "Sempre falei que ela só poderia ter sido escrita nesta cidade, cosmopolita e aberta." E em seguida brincou: "Ontem eu confirmei isso, porque a fauna era bem cosmopolita". O público aplaudiu quando ele mencionou o nome da musica gravada pelos Titãs e que ele cantou em espanhol.

O uruguaio provou também conhecer bastante o português, misturando aqui e ali alguns versos na língua em suas próprias músicas, como em "La Edad del Cielo", do álbum homônimo.

Drexler interagiu bastante com o público e até ensaiou um ou outro rebolado mais tímido. Ao final de "Sampa", que curiosamente teve uma recepção um pouco mais morna da plateia do que suas canções autorais, ele mudou um dos versos, cantando "e todos os montevideanos te podem curtir numa boa", em referência à sua cidade natal.

O público pareceu não querer deixá-lo ir, soltando um grande "Ah" quando Drexler anunciou que ele e seus três músicos já estavam indo embora. "Sea" veio na sequência, após a qual ele ajoelhou e saudou a plateia com uma reverência. Ao que o público pedia "mais um", ele entoou "Todo se Transforma", do álbum "Eco".

O cantor já havia saído do palco quando o apresentador do show incentivou o público a pedir mais. "Eu não tinha pensado em nenhuma outra", admitiu ao voltar. "O que vocês querem ouvir?". Ele resolveu finalizar com "Me Hacies Bien", e terminou o show perto das 19h20.