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Enrolada na bandeira do Brasil, Kate Nash mostra lado roqueiro no Cultura Inglesa Festival

Estéfani Medeiros

Do UOL, em São Paulo

23/06/2013 22h09

Longe do estilo vintage que lhe deu fama, enrolada na bandeira do Brasil e acompanhada por uma banda formada por três garotas, a britânica Kate Nash fez uma apresentação no Cultura Inglesa Festival, em São Paulo, neste domingo (23), mostrando seu lado mais rock para um público estimado de 10,3 mil pessoas. De acordo com a organização, 12,4 mil assistiram a transmissão do show realizado no Memorial da América Latina pela internet. 

A cantora, que havia participado de uma manifestação na avenida Paulista um dia antes, no sábado, focou em mostrar sua versão mais punk, impulsionada por seu terceiro álbum de estúdio “Girl Talk”, lançado em março.

O franjão ruivo e a cara de menininha se transformaram em longas madeixas negras com uma mecha branca e um vestido mais despojado. A nova postura no palco é uma atitude mais agressiva e que quase deixa esquecido o lado fofo que a motivava a pintar coraçõezinhos no rosto. Quase por que as longas explicações sobre relacionamentos e sobre como saber que um amigo não é legal com você estão entre as músicas o tempo inteiro. 

Ainda assim, o set-list incluiu músicas dos álbuns antigos com novas roupagens, como o hit "Foundations" e a faixa "Do-Wah-Do", que foram tocadas em versões mais cruas e barulhentas, com a britânica se revezando em empunhar o baixo e uma guitarra. 

Nash ainda cantou sua versão "Girl Gang" para "Cocaine", da banda californiana de skate rock Fidlar. “Essa música é meio estranha para garotas tocarem, mas vamos lá”, anunciou em um dos momentos que o show se aproximou de uma apresentação da canadense Avril Lavigne. 

Com cerca de 20 fãs em cima do palco, Nash introduziu "Underestimate The Girl" antes de encerrar o show. No bis, tocou duas de suas músicas mais conhecidas: "We Get On" e "Birds", em versão acústica, para os fãs que sobraram em frente ao palco, quando boa parte do público já tinha saído.

Nash, que já tinha chamado um fã no palco para mostrar uma tatuagem com seu rosto, o que a deixou bastante empolgada, atendeu os seguidores com paciência por mais de meia hora após o término do show, distribuindo autógrafos, sorrisos e posando para fotos aos gritos das meninas mais jovens. 

Elisa Amorim, de 25 anos, fã que mostrava orgulhosa o autógrafo que tinha acabado de receber, avaliou a apresentação como um amadurecimento da cantora. Elisa estava no show de 2011, quando Nash fez sua primeira visita ao país, tocando músicas docemente ao piano. "Acho que as coisas que ela tem vivido estão influenciando as músicas dela. Antes era uma coisa mais menina, mais amor, e agora é uma fase mais mulher, que ela quer se mostrar de outra forma", explica.

Magic Numbers toca Caetano com Marcelo Jeneci

O quarteto londrino Magic Numbers aqueceu a noite fria paulistana com músicas como "Forever Lost" e "Love's a Game", que o público acompanhou com as mãos para o alto. A última apresentação da banda em São Paulo foi em 2007. “Desculpa termos demorado tanto pra voltar”, disse o vocalista Romeo Stodart.

Formada pelas duplas de irmãos Sean e Angela Gannon e Romeo e Michele Stodart, o grupo tocou sua mistura de baladas românticas e folk-rock em um show malemolente e que combinava com o clima noturno do festival. A banda também aproveitou a ocasião para testar "Shot in The Dark", música nova e que faz parte de um álbum do quarteto ainda em produção.  

Clássicos da carreira da banda não faltaram e o contraste das vozes de Romeo, Michele e Angela tornaram músicas como "Take a Chance", "I See You, You See Me" e "Mornings Eleven" ainda mais suaves e doces. 

Ponto alto do show foi a versão de "You Don't Know Me", de Caetano Veloso, de quem os integrantes dizem ser fãs. O cover teve participação do músico brasileiro Marcelo Jeneci, com maquiagem à la “Laranja Mecânica”, tocando sanfona e cantando os vocais em português e entoando uma a capella. 

Apesar de ter sido apresentada com alguns ruídos e falhas no som, a faixa virou uma mistura de baião e rock que foi aplaudida e cantada em coro pela plateia. No último show da banda na capital, outra homenagem a Caetano já tinha sido prestada com a execução de "Baby", o Magic Numbers também participou recentemente de um álbum tributo aos 70 anos do artista baiano. 

Sem filas, festival teve shows pontuais

A 17ª edição do festival foi bem mais tranquila que a última, em 2012, que teve confusão com a entrada para o show do Franz Ferdinand no Parque da Independência. Desta vez, o evento teve filas moderadas, banheiros disponíveis e shows pontuais. Um espaço de exposição com grafites também fez parte do cenário do festival, realizado no Memorial da América Latina e que colocou 25 mil ingressos à disposição gratuitamente.

No período da tarde ainda se apresentaram bandas de professores e alunos da escola de inglês, Mind the Gap e Stay Johnny. Os jovens escoceses do The Dark Jokes foram a primeira atração do dia se apresentando com saias kilt. Em seguida, os curitibanos do Bonde do Rolê encenaram sua versão para clássicos do The Cure