MC Daleste aparece em helicóptero e BMW em clipe póstumo; veja
O novo clipe do cantor de funk Daniel Pellegrine, o MC Daleste, morto aos 20 anos com um tiro durante uma apresentação no dia 6 de julho, foi divulgado no domingo (14).
O vídeo com a música “São Paulo” foi dirigido pelo produtor cultural Renato Barreiro e traz o clima de “funk ostentação”, como é conhecido o gênero em São Paulo.
“Claro que é São Paulo, capital das notas de 100”, canta MC Deleste dentro de um helicóptero cercado de mulheres, bebendo champanhe em uma piscina e passeando nas avenidas da capital paulista com uma BMW vermelha.
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De acordo com Renato Barreiro, o clipe foi o primeiro do cantor. “Ouvi várias vezes de Daleste dizer que ele não tinha ainda uma data de lançamento, pois sua agenda de shows estava lotada, e por isso não via necessidade em lançar o clipe no momento”, escreveu em um artigo para o site “Farofafá”.
Confira a letra de “São Paulo”:
Cheguei, sai fora, voltei, mas bem acompanhado
Eu sou Daleste com as top de Angra do lado
São Paulo é ostentação, dele é lata o meu é ouro
O que eles tem, nós têm em dobro
Nós têm tanto dinheiro, fico até enjoado
De onde eles vêm, tu vai morrer se perguntando
Malandro é malandro, mané é mané
Cada um na sua eu vou na minha assim que é
House de boy com 9 quarto, tudo liberado
Certo é o certo, o errado é o errado
Sem responsabilidade várias notas de cem
Vilão que é vilão, faz bandida virar refém
240 Partindo para os baile
Eu sou moleque doido tô sem freio na nave
Elas vão se derretendo, meu corpo pega fogo também
Chama as top vê-vê-vê-vê vem
Vem pro baile funk que tá tendo ousadia e álcool
E no final tá geral descontrolado
Aonde 10 mil vai, no mesmo tempo vem
Claro que é São Paulo, capital das notas de cem
Investigações
As investigações em torno da morte de Daleste ainda continuam sem nenhum suspeito. "Estamos tentando descobrir como o atirador sabia que ele estaria aqui (Campinas)", disse o delegado Rui Pegolo, titular do Setor de Homicídios, na quinta-feira (11). No mesmo dia, familiares, produtores e o empresário de Daleste estavam no local para depor.
A polícia descartou a possibilidade de pessoas que estavam atrás do cantor terem envolvimento com o crime, já que durante os depoimentos não houve nenhum tipo de contradição. Após ouvir duas testemunhas consideradas essenciais para a investigação na quarta, Pegolo fez averiguações no bairro San Martin, em Campinas, acompanhado de familiares e membros da equipe do funkeiro. A Polícia, que montou uma Força Tarefa para apurar o ocorrido, trabalha com duas hipóteses principais: a de crime passional e a de uma desavença com o contratante do show.
MC Daleste foi baleado dez minutos após o início de um show no CDHU do bairro San Martin, em Campinas. O cantor chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Municipal de Paulínia, mas morreu no centro cirúrgico à 0h55. Logo após o ocorrido, fãs publicaram vídeos do momento do disparo na internet. Segundo Pegolo, Daleste ainda levou um tiro de raspão, que atingiu sua axila direita, momentos antes do disparo fatal. "Ele sentiu, mas, sem ver o ferimento, prosseguiu com a apresentação", disse Pegolo.
O delegado também apura uma denúncia de que o suspeito do disparo estaria de luvas, com uma câmera na mãos e teria fugido em um carro de pequeno porte vermelho depois do crime. Pegolo disse também que denúncias anônimas podem ser feitas pelo disque-denúncia, 181, ou enviadas para o e-mail campinas.cepol@policiacivil.sp.gov.br.
Atirador
O que se sabe até agora é que o atirador estava a uma distância de 20 metros a 30 metros do palco. O tiro teria sido dado a uma altura de 1,70m a 1,80m do solo. "Olhando a cena do crime de cima do palco, o tiro veio da esquerda para a direita. A bala atingiu o abdômen do cantor, do lado esquerdo, e transfixou seu corpo."
Não se pode precisar a arma usada, porque não foi encontrado nenhum projétil. A bala que atingiu MC Daleste atravessou ainda um tapume no fundo do palco. Um segundo tiro teria sido disparado. "Mas acreditamos que tenha sido usada uma pistola. O que temos certeza é que o autor sabia atirar bem", disse o delegado. A principal hipótese da polícia é que o atirador tenha se escondido em um terreno baldio, escuro, onde há uma construção e um morro.
Enterro
O funkeiro foi enterrado por volta de 9h40 do dia 8 de julho, no cemitério da Vila Formosa, na região leste de São Paulo. Centenas de fãs acompanharam o enterro cantando músicas do artista.
"Meu irmão não tinha inimigos, ele era da paz. Não consigo imaginar quem possa ter feito isso com ele. Quero justiça. O criminoso tem que ser preso", afirmou ao UOL. Rodrigo Pellegrine, 26 anos, irmão e parceiro musical de Daleste. Rodrigo estava no palco no momento em que o MC foi baleado.
Daleste, que começou a carreira no bairro da Penha, em São Paulo, fazia parte do grupo de funkeiros que canta "funk ostentação" ou "funk paulista", em que temas de preocupação social dão lugar a letras sobre dinheiro, marcas de roupa, carros, bebidas, joias e mulheres. O funkeiro cantava os hits "Gosto Mais do que Lasanha" e "Mais Amor Menos Recalque", esse último já foi reproduzido mais de 1 milhão e 600 mil vezes no YouTube. Em outra canção, "Apologia", o MC escreveu "Matar os policia é a nossa meta / Fala pra nois quem é o poder / Mente criminosa coração bandido / Sou fruto de guerras e rebeliões".
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