Topo

Produtores do show de MC Daleste depõem nesta quarta (10)

MC Daleste, funkeiro morto em show em Campinas - Reprodução/Facebook
MC Daleste, funkeiro morto em show em Campinas Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo e em Campinas (SP)

10/07/2013 11h42Atualizada em 10/07/2013 14h21

Dois produtores do show do funkeiro Daniel Pellegrine, o MC Daleste, em Campinas (SP), foram os primeiros a depor nesta quarta-feira (10), no Setor de Homicídios da Delegacia de Investigações Gerais (DIG). Um deles estava no palco e tirou uma foto da plateia no mesmo instante em que o artista foi atingido por um tiro no abdômen, que o levou à morte na madrugada do último domingo.

O delegado responsável pelo caso, Rui Pegolo, disse ao UOL que não daria detalhes sobre os depoimentos para não comprometer as investigações. O presidente e o vice-presidente da associação de moradores do San Martin, que não tiveram os nomes divulgados compareceram espontaneamente no Setor de Homicídios no fim desta manhã para prestar esclarecimentos e para entregar à polícia um vídeo produzido durante o show com a visão do palco. O conteúdo da filmagem não foi informado.

Após ouvir duas testemunhas, consideradas essenciais para a investigação, Pegolo fez averiguações no bairro San Martin, em Campinas, acompanhado de familiares e membros da equipe do funkeiro. A Polícia, que montou uma Força Tarefa para apurar o ocorrido, trabalha com duas hipóteses principais: a de crime passional e a de uma desavença com o contratante do show.

MC Daleste foi baleado dez minutos após o início de um show no CDHU do bairro San Martin, em Campinas. O cantor chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Municipal de Paulínia, mas morreu no centro cirúrgico à 0h55. Logo após o ocorrido, fãs publicaram vídeos do momento do disparo na internet. Segundo Pegolo, Daleste ainda levou um tiro de raspão, que atingiu sua axila direita, momentos antes do disparo fatal. "Ele sentiu, mas, sem ver o ferimento, prosseguiu com a apresentação", disse Pegolo. 

O delegado também apura uma denúncia de que o suspeito do disparo estaria de luvas, com uma câmera na mãos e teria fugido em um carro de pequeno porte vermelho depois do crime. Pegolo disse também que denúncias anônimas podem ser feitas pelo disque-denúncia, 181, ou enviadas para o e-mail campinas.cepol@policiacivil.sp.gov.br.

Atirador
O que se sabe até agora é que o atirador estava a uma distância de 20 metros a 30 metros do palco. O tiro teria sido dado a uma altura de 1,70m a 1,80m do solo. "Olhando a cena do crime de cima do palco, o tiro veio da esquerda para a direita. A bala atingiu o abdômen do cantor, do lado esquerdo, e transfixou seu corpo."

Não se pode precisar a arma usada, porque não foi encontrado nenhum projétil. A bala que atingiu MC Daleste atravessou ainda um tapume no fundo do palco. Um segundo tiro teria sido disparado. "Mas acreditamos que tenha sido usada uma pistola. O que temos certeza é que o autor sabia atirar bem", disse o delegado. A principal hipótese da polícia é que o atirador tenha se escondido em um terreno baldio, escuro, onde há uma construção e um morro.

Enterro
O funkeiro foi enterrado por volta de 9h40 desta segunda-feira (8), no cemitério da Vila Formosa, na região leste de São Paulo. Centenas de fãs acompanharam o enterro cantando músicas do artista.

"Meu irmão não tinha inimigos, ele era da paz. Não consigo imaginar quem possa ter feito isso com ele. Quero justiça. O criminoso tem que ser preso", afirmou ao UOL Rodrigo Pellegrine, 26 anos, irmão e parceiro musical de Daleste. Rodrigo estava no palco no momento em que o MC foi baleado.

Daleste, que começou a carreira no bairro da Penha, em São Paulo, fazia parte do grupo de funkeiros que canta "funk ostentação" ou "funk paulista", em que temas de preocupação social dão lugar a letras sobre dinheiro, marcas de roupa, carros, bebidas, joias e mulheres. O funkeiro cantava os hits "Gosto Mais do que Lasanha" e "Mais Amor Menos Recalque", esse último já foi reproduzido mais de 1 milhão e 600 mil vezes no YouTube. Em outra canção, "Apologia", o MC escreveu "Matar os policia é a nossa meta / Fala pra nois quem é o poder / Mente criminosa coração bandido / Sou fruto de guerras e rebeliões".

*Com informações de Estadão Conteúdo