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Tiro que matou MC Daleste atingiu tórax e perfurou três órgãos; reconstituição será na quinta (18)

MC Daleste foi morto com um tiro durante um show - Reprodução/Facebook
MC Daleste foi morto com um tiro durante um show Imagem: Reprodução/Facebook

Fabiana Marchezi

Do UOL, em Campinas (SP)

15/07/2013 19h40

A Polícia Civil de Campinas (SP) marcou para a próxima quinta-feira (18), a partir das 9h, a reconstituição do crime que resultou na morte do funkeiro MC Daleste. O objetivo é tentar definir a linha de investigação e realizar o croqui (desenho) para conhecer a trajetória da bala.

Os trabalhos terão participação de um desenhista, um fotógrafo, peritos e investigadores. A presença de testemunhas não será necessária. O funkeiro, de 20 anos, foi atingido por dois tiros durante uma apresentação em uma festa julina no bairro San Martin.

Um dos tiros acertou a vítima de raspão na axila direita e laudo divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Médico Legal (IML) mostra que o segundo tiro, que foi fatal, atingiu o tórax e perfurou o estômago, o fígado e o pulmão direito de Daleste. Segundo o laudo, os ferimentos causaram sangramento e a morte foi provocada por anemia aguda.
 
Também nesta segunda, o titular do Setor de Homicídios, Rui Pegolo, esperava duas testemunhas que prestariam depoimentos mas nenhuma delas apareceu na delegacia e as oitivas foram adiadas. O advogado Antonio Gonzalez dos Santos Filho, que acompanharia as testemunhas, foi procurado pela reportagem mas não foi encontrado para esclarecer as ausências.

Investigações

Na última quinta (11), mesmo sem suspeitos oficiais do crime, a Polícia Civil de Campinas disse que o atirador que matou o funkeiro Daniel Pellegrine, o MC Daleste, foi avisado que o artista estaria em uma quermesse em Campinas, já que a apresentação era uma surpresa.

"Estamos tentando descobrir como o atirador sabia que ele estaria aqui (Campinas)", disse o delegado Rui Pegolo, titular do Setor de Homicídios.

A polícia descartou a possibilidade de pessoas que estavam atrás do cantor terem envolvimento com o crime, já que durante os depoimentos não houve nenhum tipo de contradição. Após ouvir duas testemunhas consideradas essenciais para a investigação na quarta, Pegolo fez averiguações no bairro San Martin, em Campinas, acompanhado de familiares e membros da equipe do funkeiro. A Polícia, que montou uma Força Tarefa para apurar o ocorrido, trabalha com duas hipóteses principais: a de crime passional e a de uma desavença com o contratante do show.

MC Daleste foi baleado dez minutos após o início de um show no CDHU do bairro San Martin, em Campinas. O cantor chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Municipal de Paulínia, mas morreu no centro cirúrgico à 0h55. Logo após o ocorrido, fãs publicaram vídeos do momento do disparo na internet. Segundo Pegolo, Daleste ainda levou um tiro de raspão, que atingiu sua axila direita, momentos antes do disparo fatal. "Ele sentiu, mas, sem ver o ferimento, prosseguiu com a apresentação", disse Pegolo. 

O delegado também apura uma denúncia de que o suspeito do disparo estaria de luvas, com uma câmera na mãos e teria fugido em um carro de pequeno porte vermelho depois do crime. Pegolo disse também que denúncias anônimas podem ser feitas pelo disque-denúncia, 181, ou enviadas para o e-mail campinas.cepol@policiacivil.sp.gov.br.

Atirador
O que se sabe até agora é que o atirador estava a uma distância de 20 metros a 30 metros do palco. O tiro teria sido dado a uma altura de 1,70m a 1,80m do solo. "Olhando a cena do crime de cima do palco, o tiro veio da esquerda para a direita. A bala atingiu o abdômen do cantor, do lado esquerdo, e transfixou seu corpo."

Não se pode precisar a arma usada, porque não foi encontrado nenhum projétil. A bala que atingiu MC Daleste atravessou ainda um tapume no fundo do palco. Um segundo tiro teria sido disparado. "Mas acreditamos que tenha sido usada uma pistola. O que temos certeza é que o autor sabia atirar bem", disse o delegado. A principal hipótese da polícia é que o atirador tenha se escondido em um terreno baldio, escuro, onde há uma construção e um morro.

Enterro
O funkeiro foi enterrado por volta de 9h40 do dia 8 de julho, no cemitério da Vila Formosa, na região leste de São Paulo. Centenas de fãs acompanharam o enterro cantando músicas do artista.

"Meu irmão não tinha inimigos, ele era da paz. Não consigo imaginar quem possa ter feito isso com ele. Quero justiça. O criminoso tem que ser preso", afirmou ao UOL. Rodrigo Pellegrine, 26 anos, irmão e parceiro musical de Daleste. Rodrigo estava no palco no momento em que o MC foi baleado.

Daleste, que começou a carreira no bairro da Penha, em São Paulo, fazia parte do grupo de funkeiros que canta "funk ostentação" ou "funk paulista", em que temas de preocupação social dão lugar a letras sobre dinheiro, marcas de roupa, carros, bebidas, joias e mulheres. O funkeiro cantava os hits "Gosto Mais do que Lasanha" e "Mais Amor Menos Recalque", esse último já foi reproduzido mais de 1 milhão e 600 mil vezes no YouTube. Em outra canção, "Apologia", o MC escreveu "Matar os policia é a nossa meta / Fala pra nois quem é o poder / Mente criminosa coração bandido / Sou fruto de guerras e rebeliões".

Novas imagens ajudam na busca pelo assassino de MC Daleste; assista