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Mulheres protestam contra Emicida em show e rapper responde com poesia

Do UOL, em São Paulo

11/09/2013 11h30

Um grupo de mulheres protestaram contra Emicida na noite de terça-feira (10), antes do show que o rapper fez no Sesc Pinheiros, em São Paulo, para lançar o novo disco, "O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui". Com cartazes em que diziam "Emicida machista", "Machismo mata" e "Fora Feminicida", as manifestantes reclamavam da música "Trepadeira", um samba rock que o rapper canta com o baterista Wilson das Neves.

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A letra faz trocadilhos com plantas para falar da traição de uma mulher: "Minha tulipa, a fama dela na favela enquanto eu dava uma ripa / Tru, azeda o caruru / E os mano me falava que essa mina dava mais do que chuchu" (...) "Dei todo amor, tratei como flor / mas no fim era uma trepadeira".

Durante o show, o rapper respondeu à polêmica com uma poesia dedicada às mulheres, em que defende a liberdade irrestrita ao sexo feminino, "seja na presidência ou na rua augusta". "Mulheres devem ser livres, para ser fraca, guerreira, para ser o que quiser, inclusive trepadeira", recitou.

Ao ser lançada, em agosto, "Trepadeira" gerou críticas nas redes sociais, principalmente de grupos feministas. A página da Marcha das Vadias de São Paulo no Facebook disse que a música "repercute o discurso hegemônico que deprecia a mulher sexualmente livre e justifica a violência com base no comportamento dela".

Na entrada para o show de lançamento, uma mulher chegou a se deitar no chão, se fingindo de morta, após "uma surra de espada-de-São-Jorge", como sugere a letra (leia e ouça a música na íntegra abaixo).

Já durante o show, Emicida recebeu os convidados que colaboraram no disco – em sua maioria, mulheres, como Pitty, Tulipa Ruiz e Juçara Marçal. Wilson das Neves também participou da apresentação para cantar a polêmica música.

Confira a letra de "Trepadeira" na íntegra:

Margarida era rosa, bela, cheirosa e grampola,
pique casa das camélia, gostosa!
Bromélia, toda prosa, á me enlouquecer
bela tipo um ipê, frondosa.
É um lírio, causa delírios, mire-a,
vicio é vigiar, chique como orquídeas.
Cabelos como samambaia e xaxim flor,
perto dela as outras são capim pô.
Girassol, violeta, beleza violenta,
passou aqui como se o mundo gritasse:
ARRASA BI!!!

Flor de laranjeira ou primavera inteira,
são flores e mais flores, todas as cores da feira, irmão.
(Ô, essa nega é trepadeira hem)
Minha tulipa, a fama dela na favela enquanto eu dava uma ripa.
Tru, azeda o caruru.
E os mano me falava que essa mina dava mais do que chuchu.
(Eita nóis, aí é problema hem, cê é louco)

Você era o cravo e ela era a rosa,
e cá entre nós, gatinha, quem não fica bravo
dando sol e água, e vendo brotar erva daninha.
Chamei de banquete era fim de feira,
estendi tapete mas ela é rueira.
Dei todo amor, tratei como flor,
mas no fim era uma trepadeira.

Mamãe olhou e me disse:
Isso aí é igual trevo de três folhas,
quer comer, come, mas não dá sorte.
Vai, brinca com a sorte.

Bem me quer, mal me quer,
ó, nosso amor perfeito amargou,
tipo um jiló, Maria sem vergonha.
Eu burro, chamei de trevo de quatro folhas
e o love enraizou, fundo.
Mas você não dá, ou melhor, dá, mas pra todo mundo!
Eu quis te ver no jasmim, firmeza, no altar,
preza, "branquin", olha, magnólia, beleza,
vitória régia, brincos de princesa,
azaleia pura, Madre Tereza.
Mas não, cê me quis salgueiro chorão,
costela de Adão, raspou os cabelo de Sansão.
E tu vem, meu coração parte e grita assim:
ARRASA BI...SCATE!!!
Merece era uma surra de espada de São Jorge,
um chá de comigo ninguém pode.

Tas vendo aí parceiro?! (o quê?)
Fui dar assunto aí, virou bagunça.
Me esculachou, haha, ô sorte. (que sorte hem)
Também agora sai fora, xô xô. (vai embora pode descer a ladeira.
Vai, sai, sai andando, não merecia nem esse rap, gastando tinta com isso aí, tá louco!)
Mas que era bom, era. (verdade)