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Marcelo Bonfá se diz indignado com o lançamento do site de Renato Russo

O ex-Legião Urbana Marcelo Bonfá - Greg Salibian/Folhapress
O ex-Legião Urbana Marcelo Bonfá Imagem: Greg Salibian/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

29/03/2014 14h01

Após o lançamento do site oficial de Renato Russo na última quinta-feira (27), o músico Marcelo Bonfá, ex-integrante da banda Legião Urbana, criticou a forma com que Giuliano Manfredini conduz o legado deixado pelo pai.

Em sua página no Facebook, Bonfá citou um texto do amigo e empresário Carlos Taran e falou um pouco sobre a polêmica envolvendo o nome da Legião Urbana.

“Carlos Taran é o cara que nos ajudou em todas as vezes que eu e Dado subimos ao palco entre os anos de 2009 a 2013. Foi ele quem teve que lidar com todos as questões relacionadas ao uso do nome da #LegiãoUrbana pelos produtores destes grandes eventos e que desde então acumula os documentos e fatos relacionados aos transtornos causados a nós pelos ‘atuais’ detentores do nome da banda que foi construída ao longo de décadas por Renato, Dado e Marcelo Bonfá. Faço minhas as palavras de indignação do meu amigo Carlos Taran”, escreveu Marcelo, citando abaixo o texto publicado por Carlos.

Taran também se mostrou “indignado” (como escreveu) e “triste” com a postura adotada por Giuliano – detentor dos direitos da marca Legião Urbana --segundo o herdeiro, o título era de propriedade de Renato Russo. O uso da marca já foi alvo de briga judicial entre o jovem e os ex-integrantes, o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá. Em entrevista ao UOL, Giuliano garante que sempre autorizou o uso "seletivo, cuidadoso e estudado" pelos músicos.

“Há exatos 4 anos a EMI lançava o site oficial da banda Legião Urbana, site coletivo que iria receber materiais dos fãs espalhados por todo o Brasil e, além disso, teria a discografia, músicas, fotos, letras, vídeos, depoimentos especiais e muito mais. Essa história tinha começado em 2008, quando a EMI Music Brasil comprou de um fã a titularidade do domínio legiaourbana.com.br".

"Em 2012 - quando eu ainda cuidava dos assuntos da banda para Dado e Bonfá - ficamos sabendo que a EMI não poderia continuar financiando a manutenção do site. E ficamos sabendo também que, tempo atrás, a EMI tinha transferido a titularidade do domínio oficial da banda para a família do Renato (que o tinha solicitado alegando que seria deles porque eles detinham os direitos sobre a marca Legião Urbana). Isso tudo aconteceu sem que Dado ou Bonfá fossem informados”, relatou o empresário.

Carlos continuou com o desabafo e mostrou que a marca legião Urbana envolve três músicos, que na década de 80, em conjunto, criaram a banda.

“A partir desse momento o site ficou sob o controle dos herdeiros do Renato, e no total abandono. Se você hoje digita o endereço oficial da banda, será direcionado compulsivamente ao novo site oficial (e particular) do Renato. Talvez com a intenção de apagar a existência e história de uma das maiores bandas do rock brasileiro? Não sei...”

O empresário ainda afirmou que as disputas judicias entre Dado, Bonfá e a família Manfredini está mais atual do que nunca.

“E como não ficar indignado quando você lê, num outro trecho: ‘As disputas judiciais travadas por eles, Giuliano de um lado, Villa-Lobos e Bonfá de outro, já foram colocadas para trás. Para mim, esse é assunto passado e superado’. Gente, esse assunto está mais vivo do que nunca e está na Justiça brasileira. O Dado e Bonfá não vão desistir do que é deles por direito. Ninguém pode tirar o patrimônio artístico e histórico deles. Não se trata de dinheiro, se trata de honra”.

Entenda o caso

Em julho de 2013, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro concedeu uma liminar que garantia aos músicos Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá o direito de usar livremente a marca Legião Urbana, o que, segundo eles, estava sendo cerceado pelos familiares de Renato Russo, líder da banda.

De acordo com a decisão, os familiares de Renato Russo estavam dificultando as atividades profissionais dos músicos, como agendamentos de shows e eventos baseados na obra da banda. O Juiz Fernando Cesar Ferreira Viana ainda disse que não se pode impedir de utilizar o nome da banda "quem efetivamente ajudou a lhe emprestar relevante sucesso e notoriedade, como é o caso dos autores", escreveu.

Em comunicado enviado à imprensa no dia 19 de julho, Dado e Bonfá garantiam que não existe possibilidade da volta da Legião Urbana como banda. "A Legião Urbana éramos o Bonfá, eu e o Renato. E a gente tinha combinado que se saísse um de nós três e entrasse outra pessoa, então não seria mais a Legião Urbana", disse Dado Villa-Lobos, ex-guitarrista da banda.

Para o baterista Marcelo Bonfá, se Renato Russo estivesse vivo a situação não teria sido assim. "A liminar nos trouxe de volta um direito que é nosso, nós três criamos e tornamos conhecida a Legião, é um absurdo a gente ter sido proibido de usar algo que construímos com nosso trabalho durante anos", lamentou o músico. A cada tentativa de impedimento por parte da família, haverá multa de R$ 50 mil.

"Jamais eles foram impedidos de usar a marca"

Em entrevista ao UOL, o assessor da empresa Legião Urbana Produções, Ruy Nogueira, declarou que a atitude de Bonfá e Villa-Lobos de recorrer a Justiça causou "estranheza imensa" ao herdeiro de Renato Russo, Giuliano Manfredini.

"Jamais eles foram impedidos de usar a marca. A marca pertence ao Giuliano desde o falecimento de seu pai e sempre deu abertura aos parceiros de Renato. No Rock in Rio de 2011, por exemplo, houve o uso do nome Legião Urbana sem nenhum problema". E acrescentou: "Dado e Bonfá foram remunerados e não pagaram nada pelo uso da marca na época".

Em entrevista à Folha, Marcelo Bonfá fez críticas à família de Renato Russo. "Eu fico muito feliz com esse resultado. Essa decisão foi aceita com base em fatos. O que é chato é a gente [Bonfá e Dado Villa-Lobos] ter que se mobilizar. Do lado de lá [dos herdeiros do cantor] sempre teve um empenho em nos excluir", disse.

De acordo com Nogueira, os advogados de Giuliano estão se movimentando para decidir a "melhor forma de resolver o caso". "Nenhum dos parceiros de Renato havia reclamado até então e a atitude deles causou susto e decepção a Giuliano. Por isso, ele pediu que os advogados ficassem à frente do caso".

"Giuliano era fã de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá", disse o assessor. Na próxima segunda-feira, os advogados do filho de Renato Russo terão uma posição formalizada.