Para DJs, Tomorrowland será divisor de águas na música eletrônica do Brasil
Com tom de fábula e clima de rave, o festival belga de música eletrônica Tomorrowland desembarca no Brasil nesta sexta-feira (1º). O evento será realizado na Fazenda Maeda, em Itu, interior de São Paulo, trazendo na bagagem a receita que o tornou em um dos maiores eventos do gênero no mundo: cenários grandiosos, intervenções lúdicas e uma programação extensa e diversificada.
O público brasileiro, que já havia lotado o parque Cândido Portinari (anexo do Villa Lobos), em São Paulo, em 2014, apenas para assistir à transmissão do festival belga por um telão, vai contar com a infraestrutura semelhante à do evento original –dois palcos megalomaníacos e serviços exclusivo de hospedagem em chalés e cardápios gourmet (o pacote completo chega a R$ 1,8 mil).
Um agrado adicional aos brasileiros: o país é o único a receber o evento com o nome original, e não TomorrowWorld, como é chamada a versão do festival realizada em Atlanta, nos Estados Unidos.
Uma das referências mais fortes da música eletrônica brasileira, DJ Marky chegou a ganhar um palco no festival para chamar de seu. Ele comanda a festa cercado de amigos, como One87, S.P.Y. e DJ Patife. Ele selecionou as atrações pensando em uma alternativa ao som radiofônico dos headliners David Guetta, Steve Aoki e Armin van Buuren. “Hoje, eu vejo que há clubes que têm três andares em que se toca a mesma coisa”, observa o DJ ao UOL.
Marky
É isso que a gente precisa, cativar as pessoas, mostrar que a música vem em primeiro lugar e que existe um leque de estilos, não é só deep house e EDM. Tem house, techno, hip hop, trap, dubstep e ambiente music que as pessoas precisam conhecer
“É isso que a gente precisa, cativar as pessoas, mostrar que a música vem em primeiro lugar e que existe um leque de estilos, não é só deep house e EDM. Tem house, techno, hip-hop, trap, dubstep e ambient music que as pessoas precisam conhecer. Claro que os palcos principais sempre vão ser mainstream e pop music, mas, no final das contas, é válido mostrar isso para as pessoas”, explica.
Espetáculo
Com dez anos de história, o Tomorrowland chamou a atenção quando, além de reunir grandes nomes da música eletrônica, adotou uma decoração grandiosa, que reúne elementos lúdicos e psicodélicos –por aqui, os cenários devem ganhar inspiração na cultura brasileira. A promessa não é de rave, mas de um espetáculo visual ao ar livre. Assim, cada área tem uma determinada decoração. O evento terá até mesmo um livro gigante que abre suas páginas entre uma e outra apresentação no palco principal.
Marky, porém, adianta que a música eletrônica é mais do que isso: “O festival chegar por aqui é uma prova. As pessoas precisam saber o que está acontecendo além do palco principal, que parece a Marquês da Sapucaí”, opina. Na primeira edição brasileira, o Tomorrowland esgotou os seus 180 mil ingressos em setembro de 2014, antes mesmo de divulgar a programação.
Estreando no festival, Viktor Mora comemora a estreia versão brasileira do evento. “Acho um divisor de águas no Brasil. Para o evento vir até aqui é porque este cenário no Brasil já é muito grande. Temos um dos melhores clubes do mundo. Todos os DJs internacionais gostam de tocar aqui, e a vibração que a galera tem é sempre citada”, comenta.
Mora ficou sabendo que havia sido selecionado para o line-up dois meses atrás, após seu material ser ouvido pela equipe do festival. Ele abre o palco principal nesta sexta. “A ansiedade é gigantesca”, observa. O Tomorrowland tem programação bem dividida entre atrações internacionais e nacionais --um dos detalhes mais elogiados pelos brasileiros.
DJ e produtor, Thiago Grazioli, da dupla The Kickstarts, acredita que o Tomorrowland Brasil alavanca o cenário eletrônico do país a um patamar mais profissional. “Eu já toquei nos principais festivais do Brasil e nunca vi logística e estrutura tão bem elaboradas. Em termos de decoração, eles estão bem à frente. É um grande avanço tê-lo no Brasil.”
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