Pensei que não estaria aqui para novo disco, diz Sharon Jones após câncer

Eric Kelsey

Da Reuters, de Los Angeles

  • Getty Images

    A cantora Sharon Jones se apresenta no Teatro Apollo, em Nova York, EUA (14/06/2010)

    A cantora Sharon Jones se apresenta no Teatro Apollo, em Nova York, EUA (14/06/2010)

 

O câncer se tornou um tema inescapável no lançamento do novo disco de Sharon Jones e os Dap-Kings, "Give the People What They Want", o sexto do grupo de soul ao qual se atribui a retomada do estilo musical na década passada.

Sharon Jones, a cantora de 57 anos que antes da notoriedade trabalhou como cantora de apoio e guarda na prisão Rikers de Nova York, perdeu a mãe para o câncer enquanto compunha para o disco. O irmão do saxofonista Neal Sugarman também morreu da doença.

A própria cantora foi diagnosticada com um câncer no ducto biliar, o que adiou o lançamento do disco de agosto para este ano. Ela finalizou o tratamento quimioterápico em 31 de dezembro.

Sharon, que junto à sua banda foi elogiada pela revista "Rolling Stone" por prolongar e preservar uma tradição, falou com a Reuters sobre música soul e câncer.

Reuters - O que significa para você ver este disco ser lançado?
Sharon Jones -  
Eu, na verdade, pensei que nem estaria por aqui para este disco. Eu pensei que eu estava morrendo.

Ele tem um sentido especial para você?
Ele é dedicado a duas pessoas que nós conhecemos que morreram de câncer, e eu sobrevivi ao câncer. Este disco é como um testemunho meu, é uma sobrevivência. Eu pensei que eu não iria estar aqui para dar a eles o disco, (e para) fazer as apresentações. Eles não iam me ver nesses shows ao vivo, e isso significa muito para mim agora quando estou olhando para ele. Sempre que eu ver este trabalho, eu vou me lembrar do meu câncer.

Muitos te consideram uma sobrevivente da indústria musical, com a notoriedade chegando somente após os 40 anos.
Eu acho apenas que eles não estão nos dando a oportunidade, a mim, a Dap-Kings, a nossa gravadora Daptone Records, a outras músicas soul verdadeiras, as grandes gravadoras não estão nos dando a oportunidade de sermos reconhecidos, dizendo que a música soul morreu nos anos 1960 e 70. Não morreu. Eu sou uma cantora de soul. Não sou uma cantora retrô.

Você se daria crédito por ajudar a popularizar de novo o soul antes da ascensão de Amy Winehouse? Ela chegou a usar os Dap-Kings como banda para o disco de sucesso dela "Back to Black".
Eu seria maluca se dissesse que não. Claro, eu acabei de dizer para você que a gente está aqui há 19 anos, quase 20 anos, promovendo a música que a gente faz, e nunca mudamos. Agora, as pessoas estão finalmente ouvindo. Por que você acha que o produtor Mark Ronson veio até nós pela Amy? Michael Buble me queria. Ele queria uma cantora soul. Ele queria alguém que fizesse isso, e nós fazíamos. Fazendo o que a gente fazia, nós abrimos portas.

Você se sente ainda lutando para te respeitarem?
Claro. A luta vai continuar até eles (o Prêmio Grammy) reconhecer a música soul. Essa é a minha luta. Eu quero que eles reconheçam que há música soul aqui e cantores soul hoje.

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