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26/10/2007 - 05h01
Discurso feminista e clima descontraído marcam apresentação de Antony and The Johnsons

FERNANDO KAIDA
Editor de UOL Música


Alexandre Schneider/UOL

O cantor e pianista Antony Hegarty canta em São Paulo com o Antony and The Johnsons (25/10/07)

O cantor e pianista Antony Hegarty canta em São Paulo com o Antony and The Johnsons (25/10/07)


A primeira impressão que se tem ao ver os integrantes da banda Antony and The Johnsons preparados para tocar é de que será uma apresentação austera.

Além do cantor e pianista Antony Hegarty, estavam no palco do Auditório Ibirapuera, na primeira noite do Tim em São Paulo, quatro músicos empunhando violão, baixo, violino e cello. Todos vestidos de preto e sob uma iluminação simples.

Porém, bastou o líder da banda começar a se comunicar com a platéia para que toda a sobriedade fosse por água abaixo. Entre piadas envolvendo os integrantes da banda e um discurso feminista, Antony criou imediatamente um clima de empatia e descontração. "Meu mundo perfeito tem 75% de mulheres acima de 60 anos em posições de poder", afirmou, para emendar logo em seguida: "Peçam para suas mães se candidatarem à presidência."

Sem disfarçar o entusiasmo por estar no país pela primeira vez, Antony começou o terceiro show desta quinta-feira (25) às 23h10 com a ótima "My Lady Story". "For Today I Am a Boy", que veio na seqüência, teve de ser reiniciada, pois o cantor declarou ter se distraído com a iluminação. "E com os garotos brasileiros", brincou.

A música do grupo é centrada na voz marcante de Hegarty, que "passeia" sobre a base delicada formada pelos instrumentos dos músicos e o piano de cauda tocado pelo cantor. A apresentação ganha ainda mais força com a boa acústica do auditório --algo que pode fazer falta nos palcos do Tim no Rio de Janeiro.

Ainda que belas, as músicas possuem uma estrutura bastante similar, o que pode fazer com que uma seqüência muito longa se torne cansativa. É aí que entra o domínio de palco do cantor. As conversas ajudam a levantar o ânimo dos presentes e dele próprio, que se entrega à interpretação de letras que podem ser bem para baixo.

Vem então a história do violinista da banda, Maxim Moston, que teria ido à sauna do hotel em que estão hospedados e encontrado oito homens nus. "Ele ficou sem jeito e foi embora", contou Antony sobre a experiência do músico. "Amo seu país", completou aos risos.

Uma inusitada versão do hino disco "I Will Survive" e canções do álbum "I Am a Bird Now", de 2005, como "You Are My Sister" e "Hope There's Someone", marcaram a última parte da apresentação. Ao final, era díficl saber quem parecia mais satisfeito: o público ou a banda.

Antony and The Johnsons tocam ainda dia 26 no Rio de Janeiro (nos palcos "Volta" e "Novas Divas").

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