Ministros europeus lamentam morte de Michael Jackson

Após a morte de Michael Jackson, as emissoras de rádio e televisão alemãs transmitiram diversos programas especiais nesta sexta-feira (26). Praticamente todos os grandes jornais europeus estamparam a notícia em suas primeiras páginas. Representantes da classe política também comentaram o fato.

Para o ministro francês da Cultura, Frédéric Mitterand, a morte do cantor norte-americano, com apenas 50 anos, tem "uma inacreditável força simbólica". Para Mitterand, o ocorrido confronta as novas gerações com a fragilidade da vida. "É esse grito do destino que emociona tanta gente. E os jovens são especialmente sensíveis neste sentido", comentou o ministro francês. Fãs de Michael Jackson se reuniram ainda na noite da última quinta-feira (25) nas imediações da catedral de Notre Dame, na capital francesa, em luto pela morte do cantor.

Na Alemanha, o ministro da Economia, Karl-Theodor zu Guttenberg, se pronunciou em relação à morte de Jackson: "Ele foi um grande artista que deu muitos impulsos ao mundo pop, mas também levou, por fim, uma vida muito trágica. Thriller é até hoje um clássico".

Também nos bastidores da indústria fonográfica a morte do cantor foi lamentada. "Com canções que definiram o estilo de uma época e shows grandiosos no palco, ele definiu novos parâmetros do pop", declarou Edgar Berger, representante da Sony Music na Alemanha. "A Sony Music está em luto junto com milhões de fãs, sua família e seus amigos", completou Berger.

Repercussão nos jornais
Aquele que um dia foi chamado de 'rei do pop', teve sua carreira ofuscada por escândalos. Ele era o homem com o moonwalk, que nos anos 1980 acreditou poder vencer as leis terrenas. [...] Parece improvável que Michael Jackson tenha realmente morrido, quando há anos só vinha aparecendo em público como uma espécie de figura de cera de seus tempos de fama. No corpo de pele clareada havia um homem que um dia foi considerado um grande bailarino e cantor de música pop. Conservado e de alguma maneira em boa forma: uma caixa excêntrica do superego dos últimos anos", comentou o Süddeutsche Zeitung.

Já para o diário Frankfurter Allgemeine Zeitung, "a lembrança das proezas musicais de Michael Jackson  – cujo ápice foi atingido no álbum Thriller, de 1982, mais do que por qualquer outro artista da indústria do entretenimento – se empalidece estranhamente frente ao choque que a notícia de sua morte representa. Lamenta-se a perda do popstar bem-sucedido, que atingia as massas – algo que o torna tão especial em meio a tantos outros – e era o mais idiossincrático e mais misterioso de todos os tempos. Alguém que nunca teve a chance de saber o que é a vida normal de um ser humano".

Símbolo de uma época
O italiano Corriere della Sera lembrou, ao comentar a morte do cantor, outros fins trágicos de ícones do mundo pop: "E assim a música mais popular do mundo mata da mais nova maneira seu soberano: Michael Jackson, mais um gênio na mesa do necrotério como tantos outros antes dele. Como Janes Joplin, a poeta infeliz do blues, [...] estendida depois da última dose e da última garrafa de bourbon tomada na solidão. Como Jim Morrison, Jimi Hendrix, Kurt Cobain. Tanto talento desperdiçado e tantas lágrimas, também nessa última estação no doloroso caminho do rock. Adeus, Michael".

Da cidade francesa de Lyon, o diário Le Progrès comenta: "O músico talentoso dança em algum lugar na galáxia de estrelas ao lado de John Lennon, Elvis Presley, Frank Sinatra. Cada um deles simbolizou uma época, um estilo. Michael Jackson poderia ter sido o maior astro negro da cena musical norte-americana. Mas não queria ter a cor da pele que tinha. Agora que ele está morto, não temos como evitar de mencionar o mal-estar que ele próprio provocou. Um mal-estar que remete a esse indivíduo andrógino, com um rosto empalidecido e deformado, decomposto por cirurgiões. Um mal-estar sufocante, se lembrarmos das acusações pesadas que lhe foram feitas perante a Justiça".

Figura singular
O espanhol El País anota que hoje "desaparece um artista marcado por seu talento musical, mas também por suas excentricidades. Primeiro, foi a bolha de oxigênio na qual ele passava longas temporadas para tornar mais lento o processo de envelhecimento. Depois, os rumores de que queria deixar de ser negro para se tornar branco. Ele foi vítima de um incêndio que lhe desfigurou parte do rosto e, segundo asseguram seus parentes, o tornou especialmente paranóico".

Lembrando que, "para muitos, o rei do pop foi um objeto de devoção histérica", o diário britânico The Guardian observa que, "para muitos outros, seu nome se tornou um sinônimo de esquisitice ou de algo mais sinistro. Mas pelo menos num ponto todos poderiam concordar: ser simplesmente "como qualquer outro" era algo que pouco tinha a ver com ele. [...] Depois de uma vida que dificilmente poderia ser escrita e de um grau de sucesso que o mundo pop certamente nunca havia visto antes, a morte de Jackson, quando veio, foi tão banal quanto chocante".

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