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    • Jimi Hendrix [2408];
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Recém-lançado no Brasil, o livro "Jimi Hendrix por Ele Mesmo" (Zahar, R$35,90, 216 págs.) esmiúça a curta e intensa trajetória daquele que é considerado por muitos o melhor guitarrista de todos os tempos. Para recontar a história do mito da guitarra, o produtor musical Alan Douglas e o documentarista Peter Neal realizaram uma extensa pesquisa, reunindo, ao longo de 20 anos, textos e depoimentos do próprio Hendrix. Compõe o quebra-cabeça biográfico entrevistas, letras, poemas, diários e até "raps" feitos pelo músico. Talvez o mais próximo possível de uma autobiografia, que jamais pôde ser lançada. Ex-paraquedista e figura de proa da psicodelia dos anos 1960, Jimi era dono de uma mente afiada. Tinha plena consciência do que era e do que queria com sua música --e, também, do que pensar sobre tudo isso. Conheça a seguir algumas das histórias e das opiniões fortes reveladas no livro AP Photo Mais

PRIMEIRA GUITARRA<br><br> "Aos dezessete anos, formei uma banda com alguns outros caras, mas o som deles abafava o meu [na época, Jimi tocava apenas violão, inspirado pelos pioneiros do blues]. No início não entendi o que estava acontecendo. Só depois de uns três meses entendi que precisava de uma guitarra elétrica. Minha primeira foi uma Danelectro, comprada por meu pai. Eu já devia ter acabado com ele há muito tempo, mas, primeiro, tinha que mostrar a ele que sabia tocar. Naquela época acho que gostava mesmo era de rock´n´roll. Tocávamos coisas de gente como o Coasters" Reprodução Mais

PÂNICO NOS PRIMEIROS SHOWS<br><br> "Comecei a procurar lugares para tocar. Lembro que minha primeira apresentação foi num depósito de armas da Guarda Nacional. Cada um dos músicos ganhou 35 centavos e três hambúrgueres. No começo as coisas não foram nada fáceis para mim. Eu só sabia umas três músicas, e, na hora de subir ao palco, tremia tanto que tinha de tocar atrás das cortinas. Simplesmente não conseguia ir lá para a frente. A gente se sente tão inseguro. Eu escutava todas aquelas bandas, e os guitarristas sempre pareciam tão melhores do que eu. É nesse ponto que a maioria desiste" Reprodução Mais

HENDRIX PARAQUEDISTA<br><br> "Acho que os saltos de paraquedas foram a melhor coisa do exército. Saltei umas 25 vezes. Nunca havia feito nada tão emocionante. É tão divertido quanto parece, desde que você consiga ficar de olhos abertos. O primeiro salto é mesmo fora do comum. Imagine estar lá, num avião, sendo que alguns dos caras NUNCA tinham andado de avião antes. Tinha gente vomitando num balde grande, sabe, numa latona de lixo deixada lá no meio. Foi incrível! E então o avião está fazendo ROOOOOOOOOOOMMM!! Rocando e balançando, e dá até para ver os rebites se mexerem. Mas e eu, o que estou fazendo aqui? Estou lá na porta e, de repente, pumba! Vuumm! Por uma fração de segundo um pensamento passou pela minha cabeça: 'Você é louco!'" Reprodução Mais

TOCANDO COM LITTLE RICHARD, O "REI DITADOR"<br><br> "Cheguei a passar algum tempo tocando com Richard, mas comecei a sentir que não conseguiria me desenvolver de verdade sob sua influência. Ele não me deixava usar camisetas com babados no palco. Uma vez, cansados de andar uniformizados, eu e Glen Willings aparecemos com umas camisas extravagantes. Depois do show, Little Richard falou: 'Irmãos, precisamos ter uma conversa. Eu sou Little Richard, sou o rei do Rock´n´Rhythm e o único que pode ficar bonito no palco. Glen e Jimmy, façam o favor de tirar essas camisas, ou então vão ter que pagar uma multa.' Outra de suas conversas foi sobre o meu cabelo. Eu disse que ninguém me faria cortá-los. 'Então a multa será de cinco dólares." Se os cadarços de nossos sapatos não fossem da mesma cor, tínhamos que pagar cinco dólares. Todo mundo que trabalhava com ele sofria uma lavagem cerebral.' Reprodução Mais

FÃ DE BOB DYLAN<br><br> "Desde que Bob Dylan apareceu implicam com ele, dizendo: 'Esse cara canta que nem um cachorro de pata quebrada!'. Mas quem diz isso não entende as palavras dele. Para entender de verdade seria bom comprar um livro com as letras para saber o que ele está dizendo. Todo mundo quer saber o que aconteceu com a poesia nos dias de hoje. Bem, ela está por aí em todo lugar. É só escutar os discos. Dylan me inspira. Não que eu queria soar como ele 'eu só quero soar como Jimi Hendrix--, mas, para ter um som pessoal, você tem que compor suas próprias músicas. Já fiz umas cem músicas, mas a maioria ficou pelos quartos de hotel de Nova York, de onde fui expulso." Reprodução Mais

RESSALVAS AO JAZZ<br><br> "É quando eu vou ouvir música na casa de alguém que escuto jazz. Na minha casa, nunca ponho discos de jazz. Para mim, jazz é um monte de sopros e mais uma linha de baixo acelerada. Se tiver guitarra, eu gosto de escutar. Mas para tocar... não é meu estilo. Gosto de jazz free-form, como o do Charlie Mingus e desse outro cara que toca todos os instrumentos de sopro, o Roland Kirk. Prefiro um som mais pra frente do que sucessos do passado. Sabe quando eles chegam e ficam horas e horas tocando 'How High the Moon'? Mas acontece que eu não entendo muito de jazz. O que eu sei é que a maioria desses caras está é tocando blues --isso eu percebo" Reprodução Mais

DEFENSOR DA MACONHA<br><br> "De uma coisa eu tenho certeza, não dá pra colocar todas as drogas no mesmo saco. Há uma diferença enorme entre a erva e as drogas pesadas. E fumar um baseado é muito melhor do que beber. O fumo inclusive ajudou muita gente. Acho que, daqui a uns cinco a dez anos, a maconha vai ser legalizada. A guerra fria entre os que querem a maconha e os que não querem está só começando. Não vejo o menor sentido em ser preso por fumar uma erva natural. Deviam fazer uma grande pesquisa sobre os efeitos da maconha, só pra saber até que ponto ela é mesmo prejudicial" Reprodução Mais

CRÍTICAS AO SOUL DA MOTOWN<br><br> "A Motown não é o som verdadeiro de nenhum artista negro. É tudo tão comercial, tão bem-construído, tão bonito, que eu não sinto nada. Tudo o que eles fazem, e essa é a minha opinião, é colocar uma batida bem forte, uma batida muito boa. Depois, põem umas mil pessoas tocando tamborim, mais mil metais e mil violinos e os vocais são sobrepostos milhões de vezes. Para mim, isso soa tão artificial. 'Sou sintético', é assim que eu chamo a Motown" Reprodução Mais

RELAÇÃO COM JORNALISTAS<br><br> "Os críticos são mesmo um saco. É como atirar num disco voador que está tentando pousar sem nem dar a seus tripulantes a chance de se identificar! Sempre tem alguém querendo me definir. Eles aparecem no camarim, pensando: 'Vamos arrancar a roupa dele e enforcá-lo no alto de uma árvore'. A maioria sai tão atordoada que nem sabe mais sobre o que está escrevendo. Já estão nos classificando com base num único álbum e talvez em um ou dois shows que ouviram. Não é fácil nos rotular, mas quem disse que eles não tentam? Já me chamaram até de 'Elvis Negro'. É o jogo do establishment" AP Mais

"CASAMENTO É PARA PESSOAS INSEGURAS"<br><br> "Para mim, a guitarra e a música vêm em primeiro lugar. Só depois eu penso nas mulheres. Com a música, não sobra tempo para mais nada. Não tenho a intenção de me casar. Não dá nem para imaginar. O casamento e outras formas artificiais que passaram de geração em geração ensinam que errado fazer amor com uma garota ou uma prostituta ou passar para o outro lado depois de se consumir por anos. Tudo isso não passa de regras artificiais. A certidão de casamento é apenas um pedaço de papel que só serve para as pessoas inseguras. Você pode se dar a alguém e, no momento seguinte, pode não se dar mais. Porque a vida é sua, não dá para esquecer disso." Reprodução Mais

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