Plácido Domingo se prepara para viver Pablo Neruda em ópera em Paris

  • Alfredo Estrella/AFP

    Plácido Domingo durante apresentação gratuita na Cidade do México (19/12/2009)

    Plácido Domingo durante apresentação gratuita na Cidade do México (19/12/2009)

Paris, 14 jun (EFE) - Plácido Domingo, que estreará no dia 20 de junho na França a ópera "Il Postino", na qual interpreta Pablo Neruda, disse o próprio tenor nesta terça-feira durante o evento de apresentação do espetáculo.

Plácido Domingo dedicou parte da cerimônia para homenagear o compositor da peça, o mexicano Daniel Catán, falecido em abril, a quem elogiou pela excelência de seu trabalho e também por sua grande sensibilidade.

O tenor recordou os bons momentos compartilhados desde que o compositor propôs a ideia de criar "Il Postino", obra que ele considera perfeita para a ópera e que estreou com grande sucesso na Opera de Los Angeles em setembro de 2010.

A obra chega agora ao Teatro do Chatelet, em Paris, e a expectativa é que seja levada também para Espanha, Chile, México e Itália, entre outros países.

Domingo afirmou que Catán criou o papel do "Postino" pensando no tenor mexicano Rolando Villazón, que não pôde participar por problemas de saúde. O tenor espanhol disse não ter intenção de ser o único intérprete de Neruda nesta ópera e deseja compartilhá-lo com Villazón.

De acordo com o tenor, a obra segue de perto o filme "O Carteiro e o Poeta", de Michael Radford, com roteiro de Antonio Skármeta. "Catán tirou o melhor dele e em alguns momentos o filme é melhor, mas em outros é superado pela ópera, pois a música ajuda em todos os dramas", ressaltou.

Domingo aproveitou também para elogiar as vozes de Charles Castronovo e de Daniel Montenegro, que se alternarão em Paris no papel do carteiro da ilha italiana na qual Neruda se exilou junto com sua esposa, Matilde.

Um exílio "sempre é triste", mas para Neruda foi também a chance de ficar em paz, com sua esposa, depois de viajar muito e manter uma intensa atividade profissional, considerou o cantor clássico.

A ópera está repleta de momentos românticos e divertidos - com o poeta ensinando o carteiro a conquistar sua amada -, mas Domingo revela que insistiu para Catán incluir "uma cena trágica, de força, onde apareciam suas ideias políticas e a raiva que sentia por estar longe do Chile em um momento no qual eram cometidas várias atrocidades", declarou.

No romance do chileno Antonio Skármeta que inspirou o filme e a ópera, o Neruda da ficção jamais escreveu ao carteiro depois daquela amizade, o que explica o final extremamente emocionante.

O resultado é um final "tremendo", de uma força dramática muito especial, que não deixa "um olho seco em todo o teatro", concluiu o tenor.

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