Paul McCartney volta às raízes com canções que inspiraram os Beatles em "Kisses on the Bottom"
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Divulgação
Paul McCartney divulga a capa do seu novo disco de covers
Paul McCartney voltou a suas raízes com o lançamento de "Kisses on the Bottom", seu último disco, que contém algumas músicas tradicionais que inspiraram os Beatles e que o britânico qualifica de "peças de joalheria".
Com seu rosto sempre pueril e assobiando enquanto tira a jaqueta para sentar-se e falar com a imprensa estrangeira em Londres, o ex-beatle falou nesta quinta (19) com paixão das canções clássicas americanas que escutava quando pequeno e que gravou neste disco, que começará a ser vendido no próximo dia 6 de fevereiro no Reino Unido.
McCartney considerou que músicas como "It's Only a Paper Moon" e "I'm Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter" são autênticas "joias", "muito bem elaboradas" e que, depois, serviram de música de fundo enquanto os Beatles compunham seus próprios sucessos.
"Kisses on the Bottom" possui 14 canções tradicionais que seu pai costumava tocar no piano e que Paul escutava sentado sobre o carpete de sua casa em Liverpool.
O disco, cuja capa é uma foto de McCartney tirada por sua filha Mary, contém ainda duas canções compostas pelo músico: "My Valentine" e "Only Our Hearts".
O ex-beatle, admirador de Fred Astaire e de compositores como Harold Arlen e Cole Porter, decidiu lançar o disco por acreditar que todos eles deviam ser reconhecidos.
Sobre "My Valentine", inspirada em sua mulher, Nancy, o lendário músico britânico admitiu que foi muito fácil compô-la e que ela surgiu enquanto os dois estavam de férias no Marrocos.
Nesse dia chovia, mas, como havia um piano no hotel, o cantor decidiu compor a música enquanto os garçons limpavam o salão ao término de mais uma jornada de trabalho.
"A canção surgiu, se escreveu sozinha, é difícil acreditar que saiu tão facilmente, ela (Nancy) foi a inspiração. É uma canção especial para nós", afirmou.
Para Paul, uma boa canção pop deve ter muitas coisas, mas principalmente deve ser como um móvel bem criado.
"Tem que estar tecnicamente estruturada, como uma peça de móvel, bem feito, depois tem que ter significado, tem que ter uma boa melodia, uma melodia memorável, que possa ser assobiada no chuveiro. Isto é importante", disse.
McCartney não decepcionou a imprensa quando lembrou o sucesso dos Beatles e comparou seus tempos gloriosos com a música atual.
"Há boa música, como o Coldplay, mas os Beatles foram tão especiais (...) Foram especiais pelo momento em que surgiram, como estava o mundo então, podíamos fazer quase tudo pela primeira vez", ressaltou.
"Agora é difícil fazer o que os Beatles fizeram, não são tão bons como os Beatles", brincou.
"Há boas bandas, mas acho que seria difícil fazer o que os Beatles fizeram, é difícil reunir quatro pessoas que estavam em tamanha sintonia", acrescentou.
Também lembrou a boa resposta que recebeu do público quando se apresentou no ano passado na América Latina. "Foi como a beatlemania. Contar com essa resposta foi muito bom, a pessoa se sente muito bem", frisou.
Com 69 anos, McCartney não pensa em aposentar-se porque a música é sua paixão e acredita que se aborreceria se deixasse de trabalhar.
"Adoro o que faço, esse é o grande segredo. O que vou fazer? Sentar-me diante da televisão?", comentou o músico, que recomendou aos aposentados de sua idade "sexo e drogas" para manter-se em forma.