Cantor de R&B Maxwell lança trilogia e quer ser ambicioso com seu projeto

GARY GRAFF

The New York Times Sindycate

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Maxwell não planejou um intervalo de oito anos entre álbuns. E com o novo "BLACKsummers'night" sendo apenas o primeiro de três lançamentos previstos, o cantor de rhythm and blues admite que a espera foi dura para ele, talvez até mais dura do que para seus fãs.

"Eu certamente senti falta", diz Maxwell, nascido no Brooklyn, que estreou com o álbum indicado ao Grammy, "Urban Hang Suite" (1996), e lançou outros quatro antes de sumir de cena em 2001. "Às vezes havia o medo, tipo 'estou esperando demais? Será que minha carreira acabou?' Algumas pessoas se perguntavam se tinha acabado para mim".

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    O cantor de R&B Maxwell, que está lançando a trilogia "Blacksummers'night"

Ele conta que, no final, se sente super-rejuvenescido. "Eu sinto que tenho de novo entusiasmo por tudo isso, algo que eu estava perdendo. A música é algo especial para mim. É um presente de Deus e nunca quero me sentir como se estivesse trabalhando ou como se não me importasse. Assim, acho que o tempo distante realmente acabou com tudo isso e meio que fez tudo parecer novo para mim de novamente. Eu simplesmente amo tudo a respeito dela de novo".

Maxwell está certamente voltando com tudo. "BLACKsummers'night" é um álbum sério, cheio de soul, dominado por temas de perda romântica, mas "blackSUMMERS'night", que será lançado no próximo ano, visa ser mais espiritual e ter um sabor gospel, enquanto "blacksummers'NIGHT", que sairá em 2011, apresentará improvisos lentos e baladas. "Meu grande sonho era gravar um álbum de baladas e finalmente consegui isso como parte deste processo".

Mas a divisão entre estes três projetos não é tão bem definida. "Eu queria que algo, pelo menos uma canção, fosse um pouco leve neste álbum 'BLACK'", ele explica, se referindo à canção "Love You", uma balada que ele diz ser "mais feliz do que a maioria das outras canções no álbum. Muitas delas são bastante melancólicas e sérias, e não queria chatear completamente as pessoas".

Pioneiro do neosoul
Maxwell quer desafiar seus fãs da mesma forma que desafia a si mesmo como artista. Ele canta desde pequeno, mas passou a levar a sério na adolescência, compondo canções em um teclado Casio barato e tocando em clubes de Nova York no início dos anos 90, quando um redator da revista "Vibe" o chamou de "o próximo Prince".

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A Columbia Records o contratou em 1994, mas, apesar das colaborações com veteranos do soul como Leon Ware e o guitarrista Melvin "Wah-Wah Watson" Ragin, a gravadora esperou quase um ano após sua conclusão para finalmente lançar "Urban Hang Suite".

Os resultados provaram que a espera valeu a pena. Elogiado como um trabalho pioneiro no gênero neosoul, misturando convenções clássicas do R&B com sons contemporâneos, "Urban Hang Suite" lançou os sucessos "...Til the Cops Come Knockin'", "Ascension (Don't Ever Wonder)" e "Sumthin' Sumthin'", além de ter vendido mais de 2 milhões de cópias.

E Maxwell não descansou em seus louros. Após a gravação ao vivo "MTV Unplugged" (1997), os álbuns de estúdio "Embrya" (1998) e "Now" (2001) experimentaram com estilos e estruturas de canção diferentes. Ambos receberam disco de platina, mas nenhum foi o que seu público esperava após "Urban Hang Suite".

"Eu não sou daqueles que mantêm tudo igual", diz o músico de 36 anos. "Eu despontei com 'Urban Hang Suite' e então lancei 'Embrya', e eram álbuns totalmente diferentes. Muita gente achou que eu tinha enlouquecido --'você conseguiu algo, cara, conserve isso!'-- mas isso seria seguro para mim. Seguro é bom, mas não é empolgante. Eu gosto de pessoas que se arriscam".

Todavia, Maxwell se viu um tanto perdido após 'Now'. Ele estava, reconhece, um pouco esgotado após quatro álbuns, além da agenda extensa de shows, em um período de seis anos. Ele chama isso de "apenas as dores do crescimento, apenas me tornando um homem".

Reação à mudança no mercado

 

Maxwell também ficou desconcertado com as mudanças dentro da indústria, particularmente o crescimento da internet como veículo para distribuição de música, geralmente sem a formalidade de pagar por isso. "A forma como a música é percebida e o valor da música, o que de fato significa para o consumidor, mudou de uma forma que eu não podia imaginar', diz o confesso "nerd de música".

Ele acrescenta: "Eu não acho que a música alguma vez tenha sido vista de forma tão casual pela sociedade. Algumas pessoas acham que não precisam mais pagar por ela, e minha reação é 'como assim?'. Isso foi um pouco decepcionante para mim. E também um pouco amedrontador. Eu achei que era um bom momento para dar um passo para trás e descansar, deixando as coisas se resolverem sozinhas".

A mudança do interesse do público por singles em vez de álbuns também incomodou Maxwell, que cita os trabalhos longos dos Beatles e de Stevie Wonder como "enormes influências". Ele elaborou meticulosamente seus três lançamentos anteriores como peças conceituais, entrelaçadas, e não como uma mera coleção de canções.

Discografia de Maxwell

  • "Maxwell's Urban Hang Suite" (1996)
  • "MTV Unplugged" (1997)
  • "Embrya" (1998)
  • "Now" (2001)
  • "BLACKsummers'night" (2009)

A idéia de uma trilogia "Blacksummers’night", ele diz, veio como uma reação a essa mudança e como uma forma de reafirmar o valor do álbum no mercado. "Em 2002 eu pensava: 'eu realmente quero fazer uma trilogia'", ele recorda. "Eu já fiz álbuns individuais, então quero fazer algo diferente. É meio que uma coisa antisingle. Eu quero ser ambicioso com isso".

Junto ao colaborador de longa data Hod David, Maxwell passou grande parte dos seis anos trabalhando em novas músicas para todos os três álbuns, explorando tanto sua vida pessoal --"Pretty Wings", o primeiro single do novo álbum, é sobre uma ex-namorada-- quanto eventos atuais, injetando um pouco de comentário social em canções como "Help Somebody". Sexo continua sendo uma parte significativa da mistura, particularmente em "Stop the World".

Maxwell confessa certos momentos de ansiedade à medida que os anos passavam, mas acrescenta que encontrou um lado positivo no intervalo cada vez maior entre os álbuns. "Isso me tirou da minha zona de conforto de muitas formas. De certa forma, deixar de ser famoso por algum tempo foi como um campo de treinamento, porque não podia repousar nos meus louros. Eu não podia pensar 'eu consegui isso' e sentir que estava garantido. Eu tive que questionar 'quem sou eu?' em termos de carreira, para que pudesse ao final fazer algo melhor".

E diz ainda: "Esse mesmo sentimento de urgência que tinha ao entrar no jogo é o mesmo sentimento que tenho agora. E há tanta vida em mim agora que me sinto tão potente quanto durante a gravação do meu primeiro álbum, o que é um sentimento muito prazeroso para mim".

Novo visual
Maxwell deu algo para seus fãs falarem nesse ínterim. A internet pode ou não estar arruinando a indústria fonográfica, mas há três anos ela certamente ajudou a espalhar a notícia de que ele tinha cortado seu cabelo afro característico.

"Eu acordei certo dia e estava em um lugar quente, como o México, provavelmente, e meu cabelo era quente demais para mim", ele lembra rindo, "então simplesmente cortei. E foi legal. Houve momentos em que saí para caminhar e fazer coisas que nunca tinha feito antes, porque ninguém sabia quem eu era. Elas estavam esperando pelo cabelo afro".

Maxwell conta que passou incógnito por alguns poucos meses. "E então as pessoas perceberam e havia fotos e todo aquele 'ah, cara, por que você fez isso?' Mas não havia nada importante por trás disso".

O Maxwell de visual novo forneceu uma prévia de parte do material de "BLACKsummers'night" na turnê de 2008, e neste ano ele fará o mesmo com canções dos dois outros álbuns da trilogia, que ainda estão sendo gravados.


No geral, entretanto, Maxwell está feliz por estar de volta e aguarda com expectativa o que considera um recomeço. "O melhor é que estou mais maduro agora, minha autoconsciência está muito diferente. Eu não estou mais esboçando como um sujeito de 20 anos. Eu meio que sei meu lugar em meio às coisas, então há muito mais confiança do que sentia antes. Eu estou bastante seguro do que represento no mundo agora".

(Gary Graff é um jornalista free-lance baseado em Beverly Hills, Michigan)

 

 

Tradutor: George El Khouri Andolfato

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