Topo

Integrante do Pussy Riot acusa advogados de registrarem nome do grupo durante prisão

Integrante do grupo punk feminista russo Pussy Riot, Yekaterina Samutsevich (à dir.), participa de uma audiência preliminar em um tribunal de Moscou (20/11/12) - Mikhail Metzel/AP
Integrante do grupo punk feminista russo Pussy Riot, Yekaterina Samutsevich (à dir.), participa de uma audiência preliminar em um tribunal de Moscou (20/11/12) Imagem: Mikhail Metzel/AP

Do UOL, em São Paulo*

22/11/2012 11h22

Yekaterina Samutsevich, única integrante do trio Pussy Riot a ser solta, acusa os três advogados do caso de negligência durante o julgamento e de registrarem o nome do grupo enquanto elas estavam presas, segundo o jornal “The Guardian”.

Junto com Maria Alyokhina e Nadezhda Tolokonnikova, Samutsevich foi condenada a dois anos de prisão por "vandalismo" e "incitação ao ódio religioso" em 17 de agosto. As três cantaram em fevereiro na catedral de Cristo Salvador, perto do Kremlin, uma "oração punk" que pedia à Virgem a "expulsão" de Vladimir Putin do poder.

Em entrevista publicada nesta segunda-feira (19), Samutsevich acusa os advogados Mark Feygin, Nikolai Polozov e Violetta Volkova de não cumprirem as suas obrigações legais, se preocupando mais com a fama e a carreira de cada um dentro da oposição russa. Ela também acusou Feygin, ex-deputado da Duma Estatal, de forjar documentos para registrar a marca Pussy Riot, enquanto as três integrantes da banda ainda estavam em prisão preventiva, e de ainda não devolver seu passaporte para ela.

“Nossos advogados fizeram mais discursos sobre a situação na Rússia [durante o julgamento]. Acabou que nós viramos advogadas, e eles eram como artistas, como coautores do tribunal. Eles não eram advogados”, afirmou Samutsevich ao site Lenta.ru.

“É estranho que algumas pessoas pensem que nós fomos para a cadeia para nos tornarmos estrelas. Nós lutamos até o fim. Nadya e Masha não querem estar presas”, declarou. "Nós nunca iremos permitir que a marca seja registrada", disse Yekaterina Samutsevich, a única das três integrantes da banda a ficar livre até agora, que anunciou em seu comunicado que vai representar os interesses das duas que ainda estão na prisão. "Nós sempre dissemos que nossa banda nunca seria comercial. Até um certo ponto, ela foi criada para combater o comercialismo."

Os três advogados anunciaram nesta segunda que não estão mais envolvidos no caso do grupo Pussy Riot. Segundo o “Guardian”, eles permanecem em círculos da oposição, defendendo uma série de clientes que foram detidos em dissidência na repressão do Kremlin.

Pelo Twitter, Polozov acusou o Kremlin de travar uma campanha contra eles. "Eu disse que as autoridades fariam uma campanha de descredibilidade contra os advogados do Pussy Riot", ele escreveu. "As mentiras de Samutsevich, reproduzidas na mídia, são um dos elementos do acordo que permitiu a ela sair do caso."

Os advogados insistiram que Samutsevich colaborou com o Kremlin para ganhar a sua libertação da prisão. O novo advogado da integrante do Pussy Riot argumentou que ela deveria ser solta porque foi detida antes da performance na catedral começar.

“Os advogados estão tentando mostrar que eu estou agindo contra eles, mas nem tudo está contra eles aqui, mas em todo o processo criminal em si”, afirmou Samutsevich.

*com informações da EFE.