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Garotas do Pussy Riot são condenadas a dois anos de prisão por vandalismo

Nadezhda Tolokonnikova (à esq.), Maria Alyokhina e Yekaterina Samutsevich (à dir.), do grupo punk Pussy Riot, exibem o veredito após serem senteciadas a dois anos de prisão, no tribunal, em Moscou (17/8/12) - AP
Nadezhda Tolokonnikova (à esq.), Maria Alyokhina e Yekaterina Samutsevich (à dir.), do grupo punk Pussy Riot, exibem o veredito após serem senteciadas a dois anos de prisão, no tribunal, em Moscou (17/8/12) Imagem: AP

Do UOL, em São Paulo

17/08/2012 08h44Atualizada em 17/08/2012 17h41

Três integrantes do grupo de punk russo Pussy Riot foram consideradas culpadas de vandalismo pelo tribunal de Khamovniki na sexta-feira (17). Elas foram sentenciadas a dois anos de prisão. As três poderiam ser condenadas a até sete anos na prisão, e os promotores pediam três anos.

Na audiência, a juíza Marina Syrova, que está sob proteção policial e não teve seu rosto divulgado, disse que as integrantes do Pussy Riot cometeram "ações provocativas e humilhantes em um templo religioso, afetando um grande circulo de fiéis".

  • Tatyana Makeyeva/Reuters

    Ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov é detido em frente ao tribunal de Moscou durante protesto pró-Pussy Riot  (17/8/12)

Para a juíza, as integrantes do Pussy Riot também cometeram uma "clara falta de respeito em direção aos frequentadores e sacerdotes do templo, humilharam e ofenderam profundamente os sentimentos e os referentes religiosos dos fiéis ortodoxos".

"Não se consideram culpadas, não se arrependem (...). Qualificam suas ações como uma expressão política de forma artística", falou Syrova.

Nadejda Tolokonnikova, de 22 anos, Ekaterina Samutsevich, de 30, e Maria Alejina, de 24, estão em prisão preventiva há cerca de cinco meses.

As integrantes da banda respondem pelas acusações de "vandalismo" e "incitação ao ódio religioso" por terem cantado no dia 21 de fevereiro uma "oração punk" na catedral do Cristo Salvador de Moscou, pedindo à Virgem Maria que "expulsasse" o presidente Vladimir Putin do poder.

A "oração" do grupo Pussy Riot contra Vladimir Putin

"Virgem, mãe de Deus, expulse Putin", dizia a canção, a qual acusava o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill, de acreditar no Presidente da Rússia e não em Deus.


Três das integrantes do grupo envolvidas na ação foram presas alguns dias depois: as outras duas participantes da ação não foram identificadas.

Uma das acusadas, Yekaterina, declarou que se tivessem cantado "Mãe de Deus, proteja Putin" não teriam sido processadas.

O trio se desculpou anteriormente aos religiosos ortodoxos por qualquer ofensa, e disseram que o protesto era contra o líder da igreja ortodoxa russa e seu apoio à reeleição de Putin no início do ano.

Após a sentença, a Igreja Ortodoxa Russa pediu que as autoridades mostrem "clemência" com as três integrantes do grupo.

"Sem questionar a legitimidade da decisão judicial, pedimos que as autoridades estatais mostrem clemência nos quadros da lei", afirmou o conselho de mais alto escalão da Igreja em um comunicado citado pela agência de notícias estatal RIA Novosti.

Os músicos Paul McCartney, Madonna, Sting, Peter Gabriel, Björk, além da banda Red Hot Chili Peppers , demonstraram apoio ao grupo feminino e pediram por sua liberação. Entretanto, os músicos russos preferiram o silêncio e parecem intrigados com o apoio recebido no exterior.

Em uma carta escrita de dentro da prisão, Tolokonnikova disse que Vladimir Putin não poderia derrotar um movimento crescente de oposição. Ela diz também que o julgamento do Pussy Riot uniu forças dispares contra aqueles que "ameaçam a destruição das libertadoras e emancipatórias forças da Rússia"

Antes da audiência de hoje, o advogado de defesa Nikolai Polozov disse que as mulheres tinham "esperança de serem absolvidas, mas elas estão prontas para continuar a lutar."

O governo dos Estados Unidos chegou a pedir nesta sexta (17) que a Rússia revise a sentença contra as integrantes do grupo.

"Os Estados Unidos estão preocupados pelo veredicto e as sentenças desproporcionais ditadas por um tribunal de Moscou contra as integrantes do grupo Pussy Riot e seu impacto negativo sobre a liberdade de expressão na Rússia", disse em comunicado a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

A porta-voz solicitou que as autoridades russas "revisem" o caso e garantam que "o direito à liberdade de expressão esteja consagrado" no país.

* Com informações das agências internacionais

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