Show dos Pet Shop Boys em SP mostra como a dupla atualizou os anos 80 e 90

A música pop sobrevive como os softwares de computador. De tempos em tempos, precisam de atualização para continuar rodando. A versão 2013 dos Pet Shop Boys é uma boa prova disso. Quem foi ao show da turnê “Electric” no Credicard Hall, na noite desta quarta (22), pôde constatar como eles atualizaram o software e, com isso, botaram seus hits dos anos 80 e 90 para conversar com as bases eletrônicas do produtor Stuart Price, que assina toda a produção musical da tour e do disco homônimo da banda a ser lançado em julho.

Com quase nenhum cenário, dois bailarinos, figurinos “sci-fi”, um teclado, um laptop e equipamentos de iluminação e projeção de vídeos moderníssimos, Neil Tennant, 58, e Chris Lowe, 53, fizeram um show para uma platéia bastante variada sem parecerem saudosistas.  

O difícil, nesses casos, é não soar autista e chatear o público com o repertório atual, que muitas vezes soa mais genial ao artista que ao ouvinte. Isso também não aconteceu.

Em “Electric”, um hit de 1987 como “It´s a Sin”, por exemplo, ganha ar de rave. Já a inédita “Thursday”, que tem participação do rapper britânico Example, mistura seus acordes com “Love Etc” (do álbum “Yes”, de 2009) e “I Get Excited” (um lado B do single “Heart”, de 1988) e o sucesso “Rent” (do “Actually”, também de 87) sem o menor estranhamento.

A teatralidade das coreografias, em perfeito ritmo com as projeções e as letras, enche os olhos da plateia, que fica ávida pelo próximo clipe ao vivo que virá.

Em entrevista ao UOL, os Pet Shop Boys disseram que os objetivos ao escolher o repertório do show, que em geral é o que o público mais repara (e critica), era divertir, mostrar um panorama de sua história musical, tocar músicas que gostavam, que se encaixassem na atmosfera eletrônica do novo álbum, tudo isso sem deixar para fora as canções mais famosas.

Fizeram mais. Para começar, colocaram "Go West" de volta ao set list (a música estava fora do repertório no show de Santiago, no Chile). E, para completar, mostraram um show ao mesmo tempo pop e sofisticado, dançante e romântico, com hits em arranjos modernos, mas não descaracterizados, emocionaram e fizeram todo mundo sair do show com vontade de ouvir pelo menos mais uma meia hora de música, não importava de que época.