Em novo álbum, Slayer volta com tributo a guitarrista, mas sente ausência
Importante instituição do thrash metal, o Slayer retorna de dois baques marcantes em suas estruturas e lança nesta sexta-feira seu 11º disco de estúdio. "Repentless" é o primeiro álbum da banda em seis anos e chega como um tributo pela trágica morte de um de seus fundadores, o guitarrista Jeff Hanneman, além de ter a volta de Paul Bostaph na bateria, no lugar de Dave Lombardo. E o resultado é uma homenagem justa e sólida a Hanneman, mas mantendo um caminho seguro para manter os fãs contentes.
A tarefa principal do guitarrista Kerry King era mostrar que poderia ocupar a enorme lacuna deixada por Hanneman, compositor de boa parte dos clássicos do Slayer, como "Raining Blood", "Angel of Death" e "War Ensemble". O guitarrista morreu em 2013, de insuficiência renal, por conta do alcoolismo. O exagero na bebida foi algo que se intensificou após ele se afastar do grupo por complicações decorrentes de uma picada de aranha, que quase lhe tiraram os movimentos do braço direito.
Ao lado de Tom Araya (baixo e vocais), Bostaph e o substituto de Hanneman, Gary Holt, líder do Exodus, King garante o padrão de qualidade esperado por todos durante os quase 42 minutos, em 12 pedradas típicas da fase mais recente do Slayer.
"Repentless" vai na cola de seu antecessor, "World Painted Blood" (2009), mas, apesar de boas músicas e momentos inspirados, apresenta poucas canções com potencial de virar novos hinos do Slayer. King desenhou o DNA do Slayer e também tem sua cota de clássicos, mas, como o diabo mora nos detalhes e Hanneman era o homem das nuances e das performances mais ousadas do grupo, fica clara a sua falta nas composições.
No disco de 2009, as composições mais memoráveis eram justamente as músicas de Hanneman. Agora, King escreveu quase tudo. Entre os destaques está a faixa-título, lançada como single. Ela sucede uma introdução morna e despeja o caldeirão de ingredientes que fez do Slayer famoso: riffs malucos, bateria veloz, Tom Araya berrando como sempre e leva a um dos refrãos mais marcantes do álbum.
Troca de funções
O álbum segue de forma regular, mas nem tudo é brilhante. King admitiu que precisou assumir o lado Hanneman nas composições. "Quem conhece nossa história sabe que nunca fiz o lado 'suave', era sempre Jeff quem cuidava disto, enquanto eu ficava com o lado sujo, barulhento. 'When The Stillness Comes' é a primeira tentativa que faço de registrar algo mais limpo e eu fiquei emocionado", disse ele à "Metal Hammer". E o resultado é uma das músicas mais interessantes, pelo clima de "South of Heaven" e os vocais de Araya, ora soturnos, ora gritados.
Outros momentos de headbanging vêm em "Implode", "Atrocity Vendor" --regravada após ser um lado B de "World Painted Blood"-- e "Chasing Death", que parece falar da morte de Hanneman, com uma letra que aborda vícios e como eles fazem as pessoas "perseguirem a morte". Hanemman, por sinal, é representado como compositor pelo faixa "Piano Wire", uma sobra de seus últimos trabalhos para o Slayer. No entanto, não foi nesta faixa que o compositor dos clássicos de outras horas se manifestou.
O Slayer segue extremo, veloz e agressivo, mas a violência de "Repentless" se dá, ao mesmo tempo, pisando em ovos. Como o próprio King admite, não havia qualquer intenção de trazer novos ventos ao seu consagrado thrash. "Eu não quero evoluir, eu acho que nossos fãs não querem uma evolução. Acho que eles querem que sejamos o Slayer, com uma fornada nova de músicas que façam eles cantarem, baterem nas pessoas, entrarem em moshpits e eu acho que nós fizemos isso", afirmou o guitarrista, também à "Metal Hammer". E é exatamente assim que eles retornaram.
Apesar de mudar dois integrantes, o 11º disco da banda traz aos ouvintes um velho Slayer. Bostaph já havia trabalhado em outros discos, e Gary Holt colaborou apenas nos solos, com um ótimo trabalho. Passado o trauma com Jeff, agora os fãs já podem se colocar em modo de espera para o 12º álbum, com a promessa de que Holt enfim poderá mostrar todo o talento de escritor de riffs que lhe deram fama junto ao Exodus e que podem levar o Slayer por um caminho novo e mais excitante.
Já a bela capa de "Repentless" é assinada pelo brasileiro Marcelo Vasco, que já havia trabalhado com Machine Head, Soulfly e Dimmu Borgir, e, junto ao Slayer, fez seu trabalho de maior impacto até hoje.
Veja as músicas de "Repentless":
1. "Delusions Of Saviour"
2. "Repentless"
3. "Take Control"
4. "Vices"
5. "Cast The First Stone"
6. "When The Stillness Comes"
7. "Chasing Death"
8. "Implode"
9. "Piano Wire"
10. "Atrocity Vendor"
11. "You Against You"
12. "Pride In Prejudice"
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