BTS investe no português e leva fãs brasileiros às lágrimas em SP
Não é só o canadense Justin Bieber que causa a histeria dos fãs brasileiros. O BTS, grupo de k-pop que abriu sua turnê Wings em São Paulo na noite deste domingo (19), levou milhares de jovens ao delírio em uma apresentação de pouco mais de 2h de duração.
Em sua terceira passagem pelo Brasil, os coreanos se apresentaram com capacidade máxima no Citibank Hall (7.000 pessoas) depois de todos os ingressos se esgotarem em poucas horas quando foram colocados à venda três meses antes, em dezembro do ano passado. Com dois shows em São Paulo (o próximo acontece nesta segunda), eles venderam as 14 mil entradas para as duas noites em tempo recorde. Nas outras passagens, em 2014 e 2015, foram 1.200 e 6.000 fãs, respectivamente.
Formado em 2013, o BTS, sigla para Bangtan Boys, é formado por Jin, Suga, J-Hope, Rap Monster, Jimin, V e Jungkook. Apesar de o gênero ainda ser pouco divulgado por aqui, a base de fãs do Brasil teve importante papel no crescimento da carreira do grupo k-pop, que se destacou na fábrica de ídolos sul-coreana justamente por ter grande reconhecimento internacional.
Cientes da importância que têm para os fãs do Brasil, os meninos foram muito além do "obrigado" e investiram em várias frases em português para interagir com o público: estavam lá falas mais elaboradas como "espero ver vocês mais vezes", "estou muito feliz", "graças à vocês me sinto muito melhor" e "o Brasil é muito bom".
Além das danças e diversos figurinos típicos do k-pop, os sete também apresentaram canções solo garantindo os momentos de maior emoção para os fãs. Muitas meninas não conseguiram conter o choro e o empurra-empurra e acabaram saindo antes do fim, no colo de bombeiros ou em cadeiras de roda, depois do contato com os coreanos.
Show família
Pais e mães também garantiram ingressos do BTS para acompanhar de perto os filhos mais jovens. Durante o show, os responsáveis se revezavam filmando, levantando os filhos no ombro ou correndo para garantir a pipoca. Alguns deles, como Jacqueline Ito, 33, acabam virando fãs por tabela de tanto ouvir k-pop em casa. "Viemos de Ribeirão Preto com uma excursão. É a primeira vez dela [da filha] em São Paulo", conta a mãe de Bruna, 14, que assistia ao show atentamente.
Embora o público do BTS seja em sua maioria feminino, os garotos também marcaram presença fora do palco. Erik Okumura, 16, foi influenciado pela irmã mais velha, Karen, 18. O jovem, que além de k-pop também curte rock, diz que se interessou pela banda quando descobriu o teor das letras, apesar de entender apenas algumas palavras em coreano. "As músicas falam sobre amor, saudade e até morte. Todas elas são significativas e têm uma ligação", explica ele, que é de família japonesa e busca as traduções para entender as letras.
A irmã, Karen Okumura, descobriu o BTS sem querer. "Estava entediada e digitei k-pop na internet para ver o que aparecia. Foi assim que descobri o BTS. Curti tanto a música e a coreografia que passei a buscar mais", conta, antes de cravar que a apresentação dos coreanos foi "o melhor show que fui na minha vida", mesmo reclamando do empurra-empurra das fãs mais afoitas.
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Do lado de fora
Enquanto os artistas coreanos cantavam e dançavam seus sucessos, outras centenas de pessoas esperavam do lado de fora do Citibank Hall. Por lá, pais esperando os filhos que curtiam o show, fãs inconformados por não terem conseguido ingresso e outros tantos acampados para o próximo e último show da perna brasileira, que acontece nesta segunda (20).
Luna Birelli, 14, era uma das corajosas que ia passar a noite na barraca. Ao lado da mãe e de mais três amigas ela buscava um lugar para montar acampamento na noite fria de São Paulo. "Acampo por amor à banda. A indústria coreana tem muita coisa que não concordo, como o machismo. Mas dei uma chance para o BTS. Eles têm ideais, são incríveis. Tem até música feminista", diz.
O discurso de Luna é reforçado por um grupo de quatro amigas que se conheceu por causa da banda. "As músicas deles não são comerciais, são feitas para os fãs", destaca Thayná Carvalho, 17. "E o Brasil é conhecido justamente pela histeria", reforça Simone Alchieri, 27, que enfrentou 16 horas de ônibus do Paraná até São Paulo para ver os ídolos.
Com ingressos garantidos depois de muito esforço, o grupo de amigas levava cartas e pelúcias daquelas que não tiveram a mesma sorte, reforçando a mensagem de amizade passada pelo BTS durante suas interações com os fãs pela internet.
O grupo proibiu a cobertura em vídeo e fotos pela imprensa brasileira, deixando o espaço livre apenas para os celulares de seus seguidores. Algumas transmissões feitas pelos brasileiros no Periscope chegaram a reunir mais de 60 mil fãs, quase dez vezes mais do público presente ao vivo. Sinal de que os fãs que pediram um show em estádio podem ser atendidos na próxima passagem deles por aqui, que, claro, usaram o português mais uma vez para a promessa de voltar.
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