Montreux festeja Miles Davis com "trilha sonora" de sua vida

Stephanie Nebehay

Da Reuters, em Montreux

Herbie Hancock, Wayne Shorter e Marcus Miller fizeram uma homenagem a seu amigo e mentor Miles Davis, tocando uma "trilha sonora da vida" do falecido trompetista norte-americano cuja música eletrizou o mundo do jazz.

O concerto de duas horas, que se estendeu até a madrugada da quinta-feira, foi um dos destaques do anual Festival de Jazz de Montreux, onde Davis ainda é recordado dirigindo às margens do lago Genebra em uma Ferrari vermelha.

O grande jazzista cuja estátua pode ser vista em um parque ao lado do Miles Davis Hall apresentou-se dez vezes em Montreux. A última vez foi dois meses antes de sua morte, em 1991, aos 65 anos.

"Não parece que se passaram 20 anos, parece que foram quatro ou cinco. A música de Miles está em toda parte. Este show é dedicado ao espírito de Miles Davis, a coisa mais bonita que ele nos deu", disse Marcus Miller, contrabaixista talentoso que dirigiu a homenagem no Auditório Stravinski, onde os ingressos se esgotaram.

Miller disse que é muito difícil fazer um concerto de retrospectiva para um artista que nunca olhou para o passado, mas que, quando teve a ideia de fazer um show em tributo a Davis este ano, decidiu imediatamente chamar Hancock e Shorter.

No primeiro ensaio os três acabaram não tocando uma nota sequer. Em vez disso, passaram o tempo falando sobre Miles Davis.

"Wayne falou 'não queremos tocar no estilo em que a música foi feita originalmente, porque achamos que Miles odiaria isso. Vamos fazer uma trilha sonora da vida de Miles'", contou Miller, usando o chapéu preto que é sua marca registrada.

"Se houvesse um filme da vida de Miles, esta poderia ser a trilha sonora do filme."

Hancock, Shorter e Miller todos tocaram com Miles Davis, que ficava sempre atento para novos talentos afro-americanos. O quinteto se completou com Sean Jones no trompete e Sean Rickman na bateria.

O show foi aberto com "Walkin'", a faixa-título do álbum de 1954 de Davis, com Herbie Hancock se alternando no piano e teclado e Shorter e Jones tocando seus próprios instrumentos com um som melancólico.

"Someday My Prince Will Come", do álbum de 1961 gravado com John Coltrane, e "Tutu" foram outros favoritos do público, mas alguns dos presentes se decepcionaram por não ouvir o clássico "Round Midnight".

Depois de uma ovação em pé, Hancock tocou um bis de "Time After Time" e "So What" com o teclado de sintetizador.

"Marcus (Miller) produziu um grande concerto", disse Claude Nobs, fundador do festival suíço que está tendo sua 45a edição anual.

Quincy Jones, produtor e ex-co-diretor de Montreux, comandou um segundo show intitulado "A Night of Global Gumbo" que levou talentos jovens ao palco famoso de Montreux.

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