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Com setlist irregular, Timberlake vira "divo" do 3º dia do festival

Tiago Dias

Do UOL, no Rio

16/09/2013 00h40

Semanas após ser chamado de "lenda" ao receber um prêmio pelo conjunto da carreira no Video Music Awards, o cantor pop Justin Timberlake fez sua estreia solo no Brasil encerrando a terceira noite do Rock in Rio 2013 e o primeiro fim de semana do festival, que privilegiou o pop e o rock mais alternativo.

Se o título é apropriado ou não, é discutível, já que estamos acostumados a chamar assim artistas com longa estrada e feitos na carreira. Mas, aos 32 anos, Justin provou na noite deste domingo que é um cantor correto, bom performer, ótimo dançarino... e sabe empolgar os fãs como ninguém. A depender da reação das milhares de garotas que ainda vibravam, pulavam, cantavam e choravam até o final de sua apresentação, passadas das 2h de segunda-feira (16), ele pode levar facilmente para casa o título de "divo" do festival. Beyoncé ficaria com inveja.

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O público, que já parecia esgotado de cansaço neste terceiro dia de festival, recobrou as energias com a entrada de Justin no palco pouco após a meia-noite de domingo. Com atraso, ele surgiu com o violão a tiracolo para cantar “Like I Love You”, seu primeiro single pós-'N Sync, boy band que o lançou para o sucesso nos anos 90. Numerosa e competente, a nova banda, chamada de The Tennessee Kids, serviu como uma orquestra para as primeiras batidas e passinhos de ”My Love”, single de "Future Sex/Love Sounds", de 2006. 

Divulgando atualmente seu disco novo, “The 20/20 Experience”, em que testa sonoridades mais densas e experimentais sem deixar jamais de lado o pop e as canções ingênuas de amor e sexo, Justin alternou velhos hits com canções novas (“Pusher Love Girl”, “Tunnel Vision”) e menos conhecidas da carreira.

O show, que começou concorrido, sofreu uma rápida debandada. A parte morna, no miolo da apresentação, ficou ainda mais comprometida quando o vento forte atrapalhou o som. Os gritos e as mãos para o alto só voltaram com a nova música do cantor, da segunda parte de "The 20/20", que será lançada ainda este mês. "Take Back The Night", com mais groove, agradou e resgatou o público que já dispersava.

Na parte final da apresentação de quase duas horas, após uma versão acústica de "What Comes Around" e da homenagem a Michael Jackson em "Shake Your Body", Justin elogiou o Rio de Janeiro: "É aqui a melhor cidade do mundo, certo? É a verdadeira cidade do amor". 

O saldo final foi positivo e surpreendeu, mas foi por pouco. Talvez sem os elogios rasgados e títulos exagerados, Justin possa ser visto como realmente é: um ex-integrante de boy band que soube investir e aperfeiçoar o próprio talento. Basta saber montar um repertório melhor.

Vozes femininas

Menos roqueiro que o anterior, o terceiro dia do Rock in Rio foi marcado pelas vozes femininas de Alicia Keys, Jessie J, Kimbra e Aurea.

Vestida com uma roupa sensual e um chapéu preto, Alicia apresentou um repertório com clássicos de sua carreira, inspirada pela black music e o hip-hop. Com hits românticos como "You Don't Know My Name", tocado ao piano, ou nos momentos mais enérgicos, como na nova "Girl on Fire", mostrou que é capaz de hipnotizar a plateia brasileira, à qual se apresenta pela primeira vez. O show teve ainda uma participação de Maria Gadú, convocada de supresa para dividir os vocais com Alicia em "Fallin'".

Os principais shows do 3º dia resumidos em um "tuíte"
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Mais cedo, o público vibrou com a cantora de 25 anos - e diversos hits do momento na bagagem - Jessie J. De visual novo, a britânica subiu ao palco usando maiô colorido, um par de brincos gigantes e, amparada por uma banda mais roqueira. Engajada em causas sociais, cantou logo de cara os versos de seu maior hit, "Price Tag": "Não precisamos de seu dinheiro, apenas queremos fazer o mundo dançar, esquecer da etiqueta de preço".

No Palco Sunset, o dia teve ainda a interessante apresentação da neozelandesa Kimbra, que cantou ao lado dos baianos do Olodum para relembrar a música "They Don't Really Care About Us", de Michael Jackson. A abertura dos shows ficou com a portuguesa Aurea, acompanhada da banda The Black Mamba.

O evento

A quinta edição brasileira do Rock in Rio começou na sexta e vai até o dia 22 de setembro. Mais de 160 artistas irão se apresentar em cinco espaços diferentes, divididos entre os sete dias de programação. Quase 600 mil pessoas são esperadas durante o festival, com uma média de 85 mil espectadores por dia.

A programação deste sábado (14) foi encerrada pelos britânicos do Muse, com seu rock de arena que mistura elementos de música indie, sons progressivos e efeitos de distorção estridentes. Com hits como "Supermassive Black Hole" cantados em coro pelo público, a banda favorita da escritora Stephenie Meyer, dos livros da série "Crepúsculo", conseguiu convencer com um show de alto nível mesmo depois de uma noite repleta de apresentações intensas como a do Thirty Seconds to Mars e de Florence + The Machine.

Os principais shows do 1º dia resumidos em um "tuíte"
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O segundo dia de Rock in Rio também trouxe opções para roqueiros veteranos, em uma espécie de matinê punk concentrada no Palco Sunset, pelo qual passaram os californianos do The Offspring e Marky Ramone, que revisitou clássicos dos Ramones ao lado do vocalista Michael Graves, ex-Misfits.

Entre os destaques nacionais, o sábado teve apresentações que misturaram rock e política. A Capital Inicial emocionou fãs ao tocar uma música de Charlie Brown Jr. para lembrar as mortes recentes de Champignon e Chorão. Já o Detonautas Roque Clube voltou aos primórdios do rock brasileiro em um show com convidados só tocando covers de Raul Seixas.

Tico Santa Cruz usou uma camiseta onde se lia "Senado Federal, Vergonha Nacional", e Dinho Ouro Preto usou nariz de palhaço e criticou o escândalo recente envolvendo o deputado Natan Donadon, que manteve o cargo apesar de ter sido preso por corrupção.

O primeiro dia do evento teve shows de Maria Rita, Living Colour,  DJ David GuettaIvete Sangalo e Beyoncé, entre outros, e uma homenagem ao cantor Cazuza.