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Alice in Chains fecha turnê nacional em SP com lembrança a ex-membros

Mário Barra

Do UOL, em São Paulo

27/09/2013 03h00

Depois de passarem pelo Rock in Rio 2013 e por Porto Alegre, os norte-americanos do Alice in Chains encerraram nesta quinta-feira (26) em São Paulo uma miniturnê por terras brasileiras, experimentando um dos costumes mais antigos de artistas estrangeiros ao visitar o país: vestiram uniformes da Seleção brasileira, cada um com nomes dos integrantes. Mas foram as camisas de números nove e dois as que mais chamaram a atenção por trazerem "Staley" e "Starr" nas costas, sobrenomes dos ex-membros da banda, ambos mortos após overdoses.

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  • Montagem UOL

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Com uma lista de músicas mais extensa do que a apresentada no Rio de Janeiro -- onde o grupo tocou antes do Metallica, no Palco Mundo -- e que mostraram mais do repertório do grupo, o Alice in Chains revelou estar à vontade com a necessidade de atender fãs ávidos pelo passado e também seguir em frente com álbuns e faixas novas.

A banda teve o seu auge na primeira metade da década de 1990, sendo um dos símbolos do estilo que se convenciou chamar de grunge -- rótulo que o guitarrista e líder Jerry Cantrell refutou em entrevista recente ao UOL. Reunido desde 2005, após oito anos no limbo, o Alice in Chains já lançou dois álbuns desde então, mas o grosso do show continuou voltado para as músicas dos álbuns "Facelift" (1990), "Dirt" (1992) e "Jar of Flies" (1994).

Lembrança só nas camisas

Nesta noite no Espaço das Américas, o Alice in Chains esteve em sintonia com o que os fãs esperavam. Com apenas cinco músicas dos álbuns "Black Gives Way to Blue" (2009) e "The Devil Put Dinossaurs Here" (2013), o quarteto obteve coros tanto com faixas antigas como com as mais recentes, e ainda escutaram gritos de "Alice in Chains, Alice in Chains" e "olê, olê, olê, olê" vindos do público -- que não chegou a lotar o local, mas gritava a ponto de dar a impressão de casa cheia.

Abrindo o show com os hits "Them Bones" e "Dam That River", a banda desfilou seu repertório de canções que flertam com o metal, especialmente quando comparadas com as faixas do Pearl Jam e Nirvana -- parceiros da cena de Seattle, o epicentro do grunge há duas décadas. No setlist, o grupo foi desde as mais conhecidas como "Man in The Box" e "Would?", passando pelas "novas" "Check My Brain" e "Stone", e ainda visitou sons menos badalados como "It Ain't Like That" e "We Die Young".

Empolgados, o baterista Sean Kinney e o baixista Mike Inez formaram uma cozinha ideal para a união de voz e guitarra que tanto marca a banda, sem falar nos vocais duplos durante refrões e estrofes, sempre capazes de dar vida aos temas densos e depressivos descritos nas letras do grupo.

ALICE IN CHAINS TOCA "MAN IN THE BOX" NO ROCK IN RIO

Em sua segunda visita ao país à frente do Alice in Chains, o cantor Willian DuVall, que recebeu a difícil missão de substituir a carismática figura de Layne Staley, confundador do grupo que morreu em 2002, ganhou o apoio da plateia rapidamente e fez uma boa apresentação como cantor e guitarrista de apoio para Cantrell, se mostrando muito mais em paz com o seu papel no palco do que em 2011, quando a banda se apresentou no festival SWU.

Exceto o timbre da voz e a altura das notas alcançadas, Staley e DuVall são bem distintos no palco. O atual vocalista é uma figura viva no show, quase sempre pulando ou balançando a cabeça, arriscando um ou outro passo de dança e convocando a presença da plateia. Já Staley era mais discreto, costumava segurar o microfone com as duas mãos, como se não fosse largá-lo, demonstrando nas apresentações o traço de melancolia que colaboraria para o fim de sua vida.

Ao dar voz a uma das faixas mais famosas do grupo, a melancólica "Rooster", DuVall conseguiu até se distanciar um pouco da sombra de Staley, mostrando caminhar calmamente rumo a um platô de segurança no grupo, dentro do qual não precise emular o estilo do antigo integrante e ainda possa expressar cada vez mais sua identidade artística própria.

A exceção ao clima de despojamento foi a figura tímida de Jerry Cantrell, autor da maior parte das canções do grupo, que no auge da banda ostentava uma cabeleira grande e era muito mais agitado no palco. Atualmente, o músico se limita a caminhar pelo palco, revezando os microfones que usa para acompanhar a voz de DuVall, e agradecendo com certa timidez os fãs da banda -- que eram separados do palco por uma grande área reservada a VIPs.

Também é restrita a duração da apresentação, que começou pontualmente às 21h30 e terminou às 22h50, com direito a 17 músicas, mas que deixou alguns fãs na ansiedade pelo retorno do grupo ao palco para cantar algumas ausências como "Angry Chair" e "Down in the Hole".


Veja o repertório completo do Alice in Chains

1 - Them Bones

2 - Dam That River

3 - Hollow

4 - Check My Brain

5 - Again

6 - Man in the Box

7 - Your Decision

8 - Last of My Kind

9 - Stone

10 - No Excuses

11 - It Ain't Like That

12 - We Die Young

13 - Sludge Factory

14 - Grind

15 - Nutshell

BIS

16 - Would?

17 - Rooster