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Em 2 horas de show, Metallica faz ode ao thrash metal no Rock in Rio

Mário Barra

Do UOL, no Rio

20/09/2013 00h35

De volta ao Rock in Rio após dois anos, o Metallica subiu ao palco principal do festival à 0h35 desta sexta (20) com 30 minutos de atraso e a missão de fechar um dia repleto de atrações voltadas ao heavy metal como o Ghost, Rob Zombie e Sebastian Bach. O atraso não tirou a empolgação do público, que, durante 2 horas e 10 minutos, reviu faixas de praticamente toda a discografia da banda -- dos mais antigos "Kill 'Em All" (1983), "Ride The Lightning" (1984) e "Master of Puppets" (1986) a álbuns mais recentes como "Reload" (1997) e "Death Magnetic" (2008). 

Trajado de início com um colete repleto de logotipos de bandas de metal, ao estilo thrash oitentista, o vocalista e guitarrista James Hetfield segurou firme o repertório, semelhante ao da apresentação de 2011 no festival.

  • Reprodução

    Repertório do show do Metallica no Rock in Rio

Qual foi o melhor show do quarto dia de Rock in Rio 2013?

Resultado parcial

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O primeiro coro intenso dos fãs veio com a pesada "Masters of Puppets". Hetfield gritou tanto que chegou a cuspir no meio da cantoria. Perto do fim da faixa, ergueu o microfone para captar os gritos de "master, master" emanados da plateia.

O disco que levou o grupo a outro patamar de estrelato, o chamado "álbum preto", de 1991, também foi revisitado com seus principais hits, como "Enter Sandman" e "Nothing Else Matters", mas também com "Holier Than Thou", que foi acompanhada por gritos de "hey" vindos dos headbangers.
 
"Estamos alto o suficiente para vocês?" perguntou o vocalista à plateia antes de emendar "The Memory Remains", do álbum "Reload", de 1997. O trecho final da música, cantarolado na versão original por Marianne Faithfull, foi outro grande momento do público na noite. A banda parou para que os fãs cantassem, em uníssono, por cerca de dois minutos.
 
O miolo da apresentação trouxe ainda músicas que determinam a magnitude que o Metallica conquistou, após trinta anos de heavy metal. De uma só vez, "Wherever I May Roam" invade os ouvidos dos fãs de metal no Rock in Rio, com Ulrich alterando a marcação do tempo da música em pequenos trechos antes do refrão.
 
Quando o ritmo da apresentação diminuiu, a lista de músicas do Metallica traz aos fãs "The Day That Never Comes", faixa do álbum "Death Magnetic", disco que foi lançado em 2008 e marcou o retorno do grupo às raízes do thrash metal. 
 
Hetlfield tenta despistar a plateia sobre o que vem pela frente. Despretensiosamente, conversa com os brasileiros sobre o que eles acharam do festival até o momento."Vocês ficaram com medo, tudo bem", brinca o vocalista ao notar que poucos gostaram da apresentação do grupo sueco Ghost, mais cedo no Palco Mundo. Tudo enrolação para anunciar o hit "Sad But True", acompanhado a plenos pulmões pelos fãs.
 
No bis, o Metallica voltou ao passado com o trio "Creeping Death", "Battery" e a indispensável "Seek and Destroy" -- com direito a um James Hetfield inspirado em Charles Chaplin, fazendo mímicas para a plateia -- para cumprir com a tarefa de entregar aos fãs, até 2h40, tudo o que queriam: peso, metal e presença de palco. E umas bolas bobas de plástico no finzinho, mas que não afetaram a apresentação.
 
"Metallica te ama, Rio", berrou o vocalista, emocionado. Em retribuição, ganhou um efusivo e adptado "olê, olê, olê, olá, Metallica!".
 
Público
 
O paciente público, que aguardou um dia inteiro de atrações somente para estar frente a frente com o grupo, vibrava com cada música, seja na frente do palco, ou perto das torres de tirolesa.
 
Quando se dirigiu à plateia pela primeira vez, Hetfield relembrou 2011 e agradeceu o apoio à banda. "Eu vou para o trabalho e vejo vocês", brincou o cantor e guitarrista, mais antigo do grupo ao lado do baterista Lars Ulrich.
 
"Vocês estão fazendo barulho o suficiente?", pergunta Hetfield ao público mais tarde -- com uma pequena parte dos presentes mais preocupada em carregar faixas com mensagens como "E os mensaleiros?".
 
A apresentação do Metallica, de longe a banda mais aguardada pelo público, foi precedida de apreensão. Depois de boatos sobre a ausência de Lars Ulrich no show, a banda chegou intacta ao Palco Mundo, trazendo um repertório de músicas antigas, preferencialmente da fase mais aclamada pelos fãs.

O "quarteto de ouro" do thrash metal -- Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer -- tem visitado bastante o Brasil nos últimos anos. Com a apresentação do Slayer neste domingo no Rock in Rio, todas as quatro bandas estiveram no país em menos de um ano. O show do Metallica também deve fazer jus ao momento e trazer prioritariamente as músicas mais rápidas e pesadas do grupo.

Primeiro dia do metal

Os shows desta quinta-feira marcaram o início das atrações mais pesadas desta edição do Rock in Rio. Além do Metallica, o saudosismo também deu as cartas no show dos veteranos do grunge Alice in Chains, que levaram os fãs de volta ao ano de 1992, época em que a banda lançou "Dirt", um de seus álbuns mais celebrados, que ajudou a compor o repertório da apresentação. Mesmo com um cantor novo na banda, Wlliam DuVall -- já conhecido do público brasileiro desde 2011, quando a banda tocou no festival SWU --, o Alice In Chains soube passar pela sombra da morte do vocalista Layne Staley e preservar o mesmo som, até um pouco mais pesado.
Principal palco do festival, o Mundo teve ainda nesta quinta os brasileiros do Sepultura, que tocaram junto com o grupo francês de percussão Tambours du Bronx, e os suecos do Ghost BC, em sua apresentação performática repleta de provocações à igreja católica que não animou muito o público da Cidade do Rock.
 
Já o Palco Sunset, cuja programação começou no início da tarde e é marcada por parcerias, trouxe as bandas Dr. Sin e República, com o guitarrista Roy Z,, além do ex-Angra Edu Falaschi, que voltou ao festival com a Almah e, empolgou o público com um cover de "Rock And Roll" do Led Zeppelin em um tributo às "raízes do heavy metal".
 

O Sunset também teve a volta do ex-Skid Row Sebastian Bach, que enfrentou problemas com o som e uma plateia mais fria. Rob Zombie encerrou o palco não apenas com seu som pesado -- que vai do thrash metal ao noise rock --, mas com seu baú cheio de referências ao universo do cinema de horror.