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Guns N' Roses no Brasil: Peça de museu ou show imperdível? UOL responde

Do UOL, em São Paulo

09/11/2016 19h14

Uma espera de 23 anos chegou ao fim. O Guns N' Roses está de volta ao Brasil com seu trio de ferro Axl Rose (vocal), Slash (guitarra) e Duff McKagan (baixo).

A banda já se apresentou em Porto Alegre nesta terça (8) e segue para São Paulo (11 e 12, no Allianz Parque), no Rio (15, Engenhão), em Curitiba (17, Pedreira Paulo Leminski) e encerra o giro em Brasília (20, Mané Garrincha).

É a sétima vez que o grupo, que já foi o mais popular do mundo, passa por aqui, a terceira com parte significativa de sua formação original.

Os tempos, claro, mudaram. É inegável que o mundo e o estilo de rock praticado pela banda envelheceu. Mas o Guns ainda é capaz de despertar rompantes de nostalgia e cativar novos seguidores.

Saiba a seguir tudo o que é preciso saber sobre a nova turnê brasileira do grupo.

Por que a banda resolveu se reunir depois de tanto tempo e tanta briga?

Basicamente porque o vocalista Axl Rose e guitarrista Slash apaziguaram os ânimos após duas décadas de tretas e muitas farpas. O convite para participar do festival Coachella (EUA) este ano veio como o pretexto perfeito. Já os problemas de Axl, dono do grupo, com o Duff McKagan, que vinha tocando com o Guns eventualmente, eram menores. Em 2014, ele chegou a participar dos shows da banda no Recife e Fortaleza.

Quem faz parte do Guns N' Roses atualmente?

São três integrantes da formação clássica: Axl Rose, Slash e o baixista Duff McKagan. Parceiro desde 1990, o tecladista Dizzy Reed também está no Guns, ao lado de Richard Fortus (guitarra base), Frank Ferrer (baterista) e Melissa Reese (teclados de apoio), primeira integrante feminina da trupe.

Por que o guitarrista Izzy Stradlin e o baterista Steven Adler, os outros membros da formação original, não vieram?

Izzy se recusou a participar da atual reunião, e o motivo parece ser financeiro. Segundo o ex-guitarrista do Guns, Axl não quis repartir de forma igualitária o cachê dos integrantes. Já Adler, que tocou com a banda na Argentina na semana passada, tem uma lesão nas costas que o impede de sair em turnê. Seu sucessor na banda, Matt Sorum, também foi convidado para o retorno, mas ele fez coro a Izzy nas queixas sobre a partilha do dinheiro.

O que o Guns N' Roses toca hoje em dia?

Cerca de 65% vêm dos três principais álbuns de carreira da banda: "Appetite for Destruction" (1987), "Use Your Illusion I" (1991) e "Use Your Illusion II" (1991). Hits como "Sweet Child o' Mine", "Don't Cry", "Welcome to the Jungle", "November Rain" e "Paradise City" aparecem aos montes nos shows. A sempre pedida "Patience", no entanto, é uma incógnita (foi tocada em Buenos Aires, mas ficou de fora em Porto Alegre). Também haverá espaço para covers de clássicos como "The Seeker", do The Who, e "Wish You Were Here", do Pink Floyd, além de, provavelmente, três faixas do polêmico "Chinese Democracy" (2008): "Better", "Chinese Democracy" e "This Love".

Como está o desempenho de Axl, Slash e Duff, membros da formação clássica?

Eles não decepcionam. Axl emagreceu, voltou a cantar com a voz rasgada --a chamada técnica "drive"-- e parece estar se recuperado da fratura no pé, que o obrigou a cantar sentado em alguns shows. Slash ainda usa sua icônica cartola e é o guitarrista cool e competente dos velhos tempos. O punk Duff Mckagan, que sempre preferiu a atitude ao virtuosismo, também está em ótima forma.

Vale a pena assistir ao show?

Vale. Esta é uma ótima oportunidade de vê-los bem próximos do que foram no passado, com 3/5 da formação que gravou "Appetite for Destruction" (1987), o primeiro e melhor disco da banda. Axl é seguro nos graves e nos gritos agudos, sua marca registrada, e segue um líder vigoroso no palco. Slash não perdeu nada da sensibilidade da mão esquerda e continua encantando com seu vibrato em solos líricos em meio a riffs distorcidos. Mas se o hard rock oitentista com influências que vão do punk ao pop não é exatamente sua praia, melhor passar longe.

Quem abre os shows?

A banda Scalene abriu o show de Porto Alegre. Para as outras apresentações, a escolhida é a Plebe Rude, que já aqueceu o público na última passagem da banda pelo Brasil, em 2014.

Ainda há ingressos?

Sim. Nos shows em São Paulo, apenas para os setores cadeira inferior A e cadeira inferior C (a partir de R$ 550). No Rio, em todos os setores menos a pista premium (de R$ 140 a R$ 210). Em Curitiba, apenas a pista premium está disponível (R$ 1.220). Já em Brasília ainda há ingressos para todos os setores (de R$ 180 a R$ 540). Os mais endinheirados podem ainda desembolsar R$ 10,8 mil (camarote para 18 pessoas), R$ 12,6 mil (camarote para 21 pessoas) e R$ 18 mil (camarote para 30 pessoas).

Vou passar raiva esperando 2 horas até o show começar?

Os atrasos nos shows do Guns N' Roses eram tão frequentes que se tornaram folclórico entre os fãs. Em termos de Axl Rose, nunca dá para ter 100% de certeza, mas a banda tem sido pontual em suas últimas apresentações. Em Porto Alegre, o atraso foi só de 23 minutos.

Haverá alguma menção ao AC/DC, já que o Axl agora faz parte da banda?

Há possibilidade de o Guns tocar algum cover. No início de carreira, a clássica "Whole Lotta Rosie" fazia parte do repertório da banda. Mas a chance é pequena.

O Guns voltará a tocar com integrantes originais no Brasil?

É incerto. Segundo a imprensa norte-americana, o atual acordo do grupo, no qual os músicos trabalham como contratados de Axl, expira em 2017. No que depender do clima até aqui amistoso entre os integrantes e da rentabilidade da reunião estima-se que tenha rendido US$ 117 milhões apenas com os shows dos EUA, nada está descartado. O Guns N' Roses ainda tem um novo álbum de estúdio na gaveta.