Fácil de carregar, difícil de gastar: o primeiro dia com pulseira do Lolla
Se houve uma dor de cabeça na primeira noite do Lollapalooza Brasil 2017, foi para os amantes de cerveja. Com filas de até 40 minutos para conseguir uma bebida nos bares, o público deste sábado (25), primeira noite de festival no Autódromo de Interlagos de São Paulo, sofreu para gastar os créditos da pulseira que valia como forma de pagamento.
Além de servir como acesso ao festival, a Lolla Cashless também é usada como moeda oficial de pagamento de comidas, bebidas e mercadorias vendidas no evento. O sistema foi adotado pela primeira vez neste ano e colecionou críticas. "A pulseira é legal, é limpo, não gera aquele monte de papel, mas precisa agilizar, colocar mais ambulante pelo evento. Talvez tivesse resolvido as filas. O que vende em festival é cerveja", disse Melvin Traldi, que enfrentou mais de meia hora de fila para pegar cerveja.
A jornalista Isabel Santos, de Porto Alegre, reclamou da organização das filas enquanto esperava por mais de 15 minutos para pegar um copo de cerveja. "Perdemos metade do show do Rancid na fila só para pegar bebida. Fomos para o The xx e estamos perdendo de novo. Enquanto isso, a fila do caixa para carregar a pulseira está vazia."
Isabel não aprovou a novidade. "Achei ruim [a pulseira], principalmente para quem vem de fora de São Paulo. Passei a última semana inteira procurando informações se poderia retirar a pulseira aqui na hora e não achava. Fui descobrir que era possível lendo os comentários dos outros nas redes sociais. Aí é mais uma fila para enfrentar na bilheteria", disse a gaúcha.
Pouco tempo depois, um grupo de amigos de São Paulo comemorava os copos da gelada na mão depois de 40 minutos de espera. "É fila para tudo. Nos outros anos, que não tinha a pulseira, eu vim e foi muito mais sossegado para comer e beber. A ideia é valida, mas precisa melhorar a estrutura para funcionar", disse Alide Morandini, 48, que voltou ao festival neste ano com os amigos para ver Metallica.
Para o professor de educação física Eliseu Corrêa, 43, o sistema deveria agilizar, mas atrapalhou. "Demora para passar a pulseira e depois pegar a bebida. Tinham que ter mais funcionários nos bares". Ele também criticou a distribuição dos espaços. Os lugares para sentar e comer foram dispostos longe dos locais de venda.
"É fila o tempo todo, não diminui. Foi mal direcionado. Dá vontade de pegar os chopes e vender por R$ 20 na fila", brincou Sergio Azevedo, que também esperava pelo show do Metallica no fim do dia.
Pulseira substitui carteira
Há um bom motivo para que a pulseira não saia do seu braço. O ingresso vai funcionar como um documento: há um código de barras único que permite somente uma entrada por dia de evento. Quem comprou o Lolla Pass, que vale para os dois dias, recebe uma única pulseira e terá de usar a mesma no sábado e domingo. Nos outros casos, o chip do acessório vem sinalizado com "SÁB" (sábado) e "DOM" (domingo).
Antes de entrar no evento é preciso preencher um cadastro no site oficial com nome, e-mail e outros dados como CPF, endereço e telefone. Tudo isso ficará registrado no chip da pulseira.
Caso queira, você também pode carregá-la com créditos para comer e fazer compras dentro do festival. O sistema evitará filas e reembolsa o frequentador caso você não use todo o valor carregado. Para os mais tradicionais, haverá caixas para comprar fichas com dinheiro ou cartão.
Segundo a organização do Lollapalooza, a Lolla Cashless é um desejo antigo do próprio festival e também no público. Tecnologia semelhante já é usada em outros países que recebem o evento, como a sua terra natal, os Estados Unidos.
A nova tecnologia também complica a vida dos cambistas. Quem comprou com antecedência recebeu um voucher, que só será trocado pelas pulseiras mediante a apresentação de documento oficial e cartão de crédito original da compra nos pontos de troca. Não será permitida a entrada no evento apenas com o voucher.
Quem mora fora de São Paulo poderá retirar suas pulseiras na bilheteria do Autódromo de Interlagos, no próprio dia do festival. A mesma bilheteria, localizada junto ao portão 7, também comercializará ingressos nos dois dias, das 10h às 18h, e sem taxas.
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