Com recorde de público e mais democrático, Lollapalooza 2017 erra no básico
Desde sua estreia no Brasil em 2012, o Lollapalooza vem se revelando um festival de muitas caras. Com sua história escrita junto ao rock alternativo norte-americano nos anos 1990, o evento tem sofrido mutações a cada ano, tanto aqui quanto lá fora.
Nas últimas edições brasileiras, tudo parecia crer que o Lolla se tornaria o evento oficial da chamada geração Z, sedenta por tendências e cercada de ídolos inspiradoras do pop. Ou até mesmo uma opção para quem queria se jogar no clima de rave do Tomorrowland, com DJs roubando a cena e o espaço na programação.
Mas o Lolla, acertadamente, sabe que pode também conquistar os corações --e os bolsos-- dos saudosistas. Algo que acontece há algum tempo, principalmente com a escalação de Robert Plant em 2015, mas que deu química este ano, com a escalação improvável do Metallica e do Strokes como headliners, cercado do pop de Tove Lo e MØ, do eletrônico de Martin Garrix e The Chainsmokers, e das batidas modernas do The Weeknd.
Nao à toa, foi o Lolla que mais vendeu: 190 mil pessoas em dois dias (cem mil só no sábado), dando ao Autódromo de Interlagos uma cara diversificada entre gêneros, estilos e faixa etária.
O mar de coroas de flores, usadas pelo público teen, crescia a cada ano, mas desta vez foi quebrado pelas camisetas pretas do Metallica no sábado e pelos trintões fãs de Strokes no domingo, que faziam intercâmbios entre os palcos com facilidade. Os headbangers no axé reinventando do BaianaSystem e algumas tiaras de unicórnio na plateia do Metallica que o digam. E até o Duran Duran provou de uma plateia muito mais nova neste domingo.
Quanta gente, quanta alegria?
E se houve um porém ao juntar as tribos foi o serviço deficiente para atender a toda essa demanda, trazendo antigos problemas à tona novamente.
O aumento do público travou a locomoção entre os palcos Skol, Axe e Perry's. Este último, dedicado à música eletrônica, foi anabolizado e ganhou um palco poderoso, mas não aguentou a demanda e fechou algumas vezes a entrada nas principais atrações.
Outra mancha na edição foi a desorganização nos bares, que registraram filas de quase 1h e sofreu com uma pane no estoque de cerveja no sábado. Resultado: goela seca e aquela dor de cabeça com a pulseira Lolla Cashless, tecnologia conectada com o que já rola nos outros países, mas que travou o atendimento em muitos momentos.
No caminho certo, o Lolla precisa agora acertar novamente sua infraestrutura. Afinal, não há "experiência" que resista a essas provações.
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