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Filhos e mulher de Belchior acompanham enterro com cantoria e emoção

Corpo do cantor Belchior é enterrado no cemitério Parque da Paz, no bairro Passaré, em Fortaleza - Jarbas Oliveira/Folha Imagem
Corpo do cantor Belchior é enterrado no cemitério Parque da Paz, no bairro Passaré, em Fortaleza
Imagem: Jarbas Oliveira/Folha Imagem

Thays Lavor

Colaboração para o UOL, de Fortaleza (CE)

02/05/2017 11h25

Música e lágrimas. Assim foi o último adeus ao artista Belchior, sepultado na manhã desta terça-feira (2), em Fortaleza, no Ceará. Além de uma centena de fãs que cantavam as composições do artista, o sepultamento foi acompanhado pela esposa de Belchior, Edna Prometeu, que chegou de cadeiras de rodas ao cemitério, visivelmente emocionada.

Dos quatro filhos do artista, apenas dois acompanharam desde ontem a despedida do pai. Mikael e Camila Belchior chegaram ao cemitério Parque da Paz com a mãe Angela Henman, primeira esposa do artista, mas devido a emoção, os três preferiram não conversar com a imprensa. Desde que desapareceu, Belchior não mantinha contato com os filhos e a ex-mulher. 

Companheira de Belchior nos últimos anos, Edna ficou separada da família do cantor apenas pelo túmulo e as coroas de flores. Em comum entre as duas famílias, o peso do silêncio e a emoção. 

O corpo de Belchior chegou ao local por volta das 9h40 e foi carregado pelos fãs, que fazia fila no cemitério antes mesmo dos portões abrirem. Durante aproximadamente 1 hora, o repertório de Belchior foi cantado exaustivamente pelos fãs e alguns familiares. As canções só deram pausa para uma oração. 

Fãs e amigos cantam no velório de Belchior:

Voz que não cala

O caixão de Belchior foi sepultado ao som de uma de suas famosas composições, 'Sujeito de Sorte’, que diz, “Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”. A canção havia encerrado a missa de corpo presente, realizada às 7h30, no anfiteatro do Centro Cultural Dragão do Mar.

Sósia de Belchior disse que não acreditou na notícia da morte: "Eu nem sei dizer o que senti, ficou tudo mudo em mim" - Marília Camelo - Marília Camelo
Sósia de Belchior disse que não acreditou na notícia da morte: "Eu nem sei dizer o que senti, ficou tudo mudo em mim"
Imagem: Marília Camelo
Sósia do artista, o vendedor ambulante José Edson de Carvalho, 62, acompanhou a despedida desde o velório, no dia 1º. Vendedor de cervejas do entorno do Dragão do Mar, José começou a chamar a atenção no entorno por conta da semelhança com Belchior.

“Desde 2002 me apelidaram de Bel, por me acharem parecido com ele. Eu não conhecia nenhuma música, porém vi que aquela semelhança atraia clientes. Então fui atrás para conhecer sua obra e virei fã, mas aviso que não canto nada, sou péssimo”, disse José.

O sósia recebeu a notícia da morte pela televisão, enterrando a esperança que mantinha em conhecer o cantor. “Eu nem sei dizer o que senti, ficou tudo mudo em mim. Então eu soube que ia ter o velório e enterro em Fortaleza e resolvi conferi se era verdade, e conhecer esse grande artista que a gente perdeu”.

Sem palavras também ficou a estoquista Helena Pereira, 55. Fã do cantor desde os 17 anos, ela também precisou ir até o enterro para acreditar se o que o noticiário dizia era verdade. “Apesar do sumiço dele, eu ainda acreditava que assistiria um show", disse. "Ele pode ter sumido, agora pode ter morrido, mas para mim é como se nada disso tivesse ocorrido. Acho que deve ser porque lá em casa eu passo o tempo todo escutando, tenho todos os discos”.