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Integrante do Pussy Riot interrompe greve de fome após hospitalização

ILYA SHABLINSKY/AFP
Imagem: ILYA SHABLINSKY/AFP

AFP*

01/10/2013 14h08

Nadejda Tolokonnikova, a integrante do grupo Pussy Riot hospitalizada no domingo, interrompeu nesta terça-feira (1º) a greve de fome que já durava oito dias.

"Concordamos que ela deveria suspender sua greve de fome com o entendimento que os serviços penitenciários prestarão a devida atenção em sua solicitação de mudança para outra penitenciária", anunciou à agência Interfax o defensor público Vladimir Lukin.

"No dia 1º de outubro, às 11h (locais), a interna Nadezhda Tolokónnikova suspendeu sua greve (de fome) e já começou a ingerir alimentos. Neste momento, seu estado de saúde é estável", informou um porta-voz dos Serviços Penitenciários da Rússia na Mordóvia. A informação foi confirmada pelo deputado Ilia Ponomarev e o delegado do Kremlin para direitos humanos Vladimir Loukine, que mantiveram contato com a detida.

No entanto, através de uma mensagem no Twitter, o deputado opositor Ilya Ponomariov assegurou hoje que a integrante do Pussy Riot decidiu suspender sua greve de fome por "motivos médicos", como ela mesma teria dito.
 
Tolokonnikova, que havia sido transferida no domingo da prisão para o hospital, declarou-se na segunda-feira retrasada em greve de fome para protestar contra as ameaças que diz estar recebendo na prisão depois de denunciar suas condições de encarceramento.
 
Em uma carta transmitida por seu marido, a jovem de 23 anos, que tem uma filha de cinco anos, indicou que duas funcionárias do campo de trabalhos forçados para mulheres Nº 14 de Mordóvia (600 km a leste de Moscou), acompanhadas por uma prisioneira, entraram na cela onde estava incomunicável desde o início desta semana para confiscar todas as suas garrafas de água.
 
"Sem água, uma pessoa morre em poucos dias quando está em greve de fome", afirmou.
 
O serviço russo de aplicação de penas desmentiu estas acusações.

 
Nadejda Tolokonnikova cumpre uma pena de dois anos por ter participado em 2012 de uma oração punk contra o presidente russo Vladimir Putin, cantada na catedral de Moscou.
 
Ela e as outras integrantes do grupo, Maria Alejina e Ekaterina Samutsevich, na oração punk pediam, em plena Catedral de Cristo Salvador de Moscou, que a Virgem "expulsasse Putin do poder".
 
As três foram condenadas a dois anos por "vandalismo" e "incitação ao ódio religioso".
 
Ekaterina Samutsevich obteve a liberdade condicional em outubro de 2012, enquanto Alejina e Tolokonnikova devem ser libertadas em março.

Embora tenha sido condenada a dois anos de prisão junto a María Aliójina por encenar uma oração punk no principal templo ortodoxo da Rússia em 2012, Nadezhda continua mantendo sua inocência.
 
Aliás, essas duas integrantes do Pussy Riot poderiam fazer parte da lista que o CDH apresentará em breve ao Kremlin para sua anistia pela ocasião do 20º aniversário da Constituição russa, que será realizada no próximo dia 12 de dezembro.
 
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, respaldou em várias ocasiões a pena de prisão contra as duas jovens do Pussy Riot, enquanto o primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, considera que as jovens já pagaram amplamente pela citada ação de protesto.

*Com informações da EFE