Arctic Monkeys

"Favourite Worst Nightmare"

Poucos discos nesta década foram mais esperados do que este novo dos Arctic Monkeys. Após atingirem o topo do pop britânico através de uma demo divulgada pela Internet e venderem mais de dois milhões de cópias do disco de estréia, ganharam também a obrigação de manter a qualidade no segundo disco.

Como quase todas as bandas que nos últimos 20 anos foram recebidas como salvadoras do rock, o Arctic Monkeys não se propõe a tanto (e nem poderia). Se por um lado mostra consistência na execução e qualidade na composição, por outro uma certa inocência juvenil permeia este trabalho.

Pela juventude dos músicos (o que em outros aspectos é uma qualidade), a banda ainda soa muito como um fruto do seu tempo e tem influências um pouco frescas demais. No caso de "Favourite Worst Nightmare" isso é visível nos arranjos de guitarra que remetem ao Strokes e nas, agora mais freqüentes, baterias dançantes como um Gang Of Four via Franz Ferdinand.

Os ritmos funkeados dominam tanto este disco que a música mais pop, "Fluorescent Adolescent", acaba sendo um sopro de ar fresco. O que não quer dizer que o resto não seja interessante. A gravação, em particular, cortesia dos produtores James Cross e Mike Crossey é de primeira linha, destacando ecos e reverbs que dão dramaticidade as músicas.

Se a cozinha e as guitarras ainda podem ganhar uma sonoridade mais própria, os vocais de Alex Turner soam ainda melhores aqui, acrescentando clareza e melodias grudentas aos arranjos ambiciosos. Em músicas como "If You Were There, Beware", Turner soa como David Bowie no início da carreira.

Considerando que os músicos mal saíram da adolescência e que tantos outros grupos clássicos começaram na sombra de outros artistas de sucesso, os Arctic Monkeys têm potencial para sobreviver ao teste do tempo. O que é mais do que se pode dizer da maioria dos seus contemporâneos.(PEDRO CARVALHO)