Gravadora: Trama
18/07/2003
BUZZCOCKS
Buzzcocks
A fórmula usada pelos Buzzcocks sempre foi prolífica, mesmo que nove discos em 28 anos de carreira não pareçam muito - ao contrário, até significam muito em se tratando de uma banda tão importante. A fusão punk-pop implementada por eles sempre resultou em singles precisos, o que é verificável na coletânea "Singles Going Steady", de 1979. O pop, nesse sentido, diz respeito a uma forma de fazer punk mais melódica, com riffs de guitarra pegajosos e fáceis de cantarolar. Com este disco homônimo, anos-luz do auge criativo da banda (que nunca perdeu a mão, diga-se), o Buzzcocks foge, em parte, de tudo aquilo que já fez. As canções são secas e diretas, com um verniz cru trabalhado que vem da produção do baixista Tony Barber - enfim, tudo que se podia esperar de um disco punk. Porém, o que sempre foi agradável aos ouvidos ficou um pouco mais áspero, ríspido, com canções rápidas e cuspidas. Há tentativas de voltar ao espírito da diversão pura ("Sick City Sometimes", "Certain Move"), mas ao mesmo tempo existe uma música como "Lester Sands", que abre com seu riffão metaleiro. Manobra interessante de uma banda veterana, digna de audição em uma época que as bandas perdem sua inventividade com cinco anos de estrada. (AO)