CLARA MORENO

Garota Bossa Nova

Quem tem mais de 30 há de se lembrar do refrão "Clara, Ana e quem mais chegar", da música em que a cantora Joyce homenageava suas filhas e que defendeu num festival da Rede Globo, em 1980. E a Clara de ela falava na canção é justamente esta. Neste seu segundo disco, a cantora, dona de um timbre bonito, desfia um repertório centrado em música brasileira, com um pé na música eletrônica. O disco acerta na produção e no que tem de delicado, na faixa título, em "Samba é Tudo" ou no quase house de "Aldeia de Ogum". Mas erros aparecem no exotismo forçado de "Eletromblé" e "Mercado da Mãe Preta", e na "modernização" forçada e descuidada de "Solidão", de Tom Jobim. A regravação de "Dans Mon Île" merecia também maior cuidado --na pronúncia e no arranjo, que a certa altura faz uma citação constrangedora de "Garota de Ipanema". (Antonio Farinaci)