TIMBALAND

Shock Value

Talvez o maior produtor de hip hop da atualidade, pelo menos dentro da facção mais dançante do estilo, Timbaland costuma acertar em cheio quando trabalha com outros artistas ou seu parceiro, o MC Magoo. Mas este segundo álbum solo bate na trave, talvez por excesso de autoconfiança.

Com todo este talento nas mãos, Timbaland não faria um disco ruim ou pobre em idéias. E de fato, este é um trabalho bem elaborado, marcado pela dimensão visual que marca suas produções, sempre com ares de trilha sonora. Na primeira música, "Oh, Timbaland", por exemplo, uma guitarra funk marca o ritmo com acordes menores, que combinados com samples da voz de Nina Simone lhe conferem uma atmosfera emocionalmente complexa e promissora.

Mas a qualidade não é a mesma na maior parte do disco. A farta seleção de convidados ilustres não faz muita diferença na maioria dos casos. Elton John toca ao piano meia dúzia de notas que um músico de estúdio tiraria de letra e Pele Almqvist, dos Hives, colabora com alguns gritos roqueiros pouco marcantes.

Algumas exceções, para o bem e para o mal, são Nelly Furtado e Missy Elliot (pelas vozes características) e a parceria com o Fall Out Boy (pela mescla indigesta de emo radiofônico com teclados r&b). Também são interessantes os sintetizadores de inspiração tecnopop em "Time" (com a dupla inglesa She Wants Revenge). Talvez seja um disco que funcione nas pistas, mas para o ouvinte doméstico transparece muita auto-indulgência para pouca inspiração. (PC)