EDU LOBO

"Edu Lobo - Vento Bravo"

A entrevistadora pergunta a Chico Buarque se ele e Edu Lobo são "o Pelé e o Coutinho" da música brasileira. Chico fica atônito, vira para Edu, sorri e dispara: "E aí, Coutinho?". Os dois riem. Edu diz que Coutinho não falava muito, mas fazia gols.

A passagem está no documentário contido em "Edu Lobo - Vento Bravo", da Biscoito Fino, primeiro DVD dedicado ao cantor, violonista e compositor. Além do documentário, o disco traz um show gravado em 2006.

Beatriz Thielmann e Regina Zappa assinam o documentário, que tem fotografia de Walter Carvalho e está à altura da obra musical de Edu. Em pouco mais de uma hora, o filme dá conta do recado.

Começa resgatando a origem pernambucana do músico (que se diz "carioca por acidente"), passa pela era dos festivais, mostra a obsessão pela harmonia e o gosto de compor para teatro e cinema, e chega à lembrança e homenagem aos principais parceiros (Chico, Vinicius de Moraes, Paulo Cesar Pinheiro).

Um dos pontos altos é o encontro de Edu com o parceiro Gianfrancesco Guarnieri, numa das últimas aparições do ator antes de sua morte, em 2006. Em outra hora, Edu relembra a morte do parceiro Torquato Neto (em 1972) e revela que ele próprio, Edu, é autor de alguns dos versos da triste "Pra Dizer Adeus", imortalizada por Elis Regina e Maria Bethania. Quase no fim, violão em punho, Edu revela a "fonte" harmônica, melódica e rítmica que inspirou "Na Carreira", parceria dele de 1982 com Chico.

No show, gravado na extinta casa carioca Mistura Fina, a arte de Edu aparece inteira e madura. Acompanhado por um competente jazz trio (Cristóvão Bastos na direção musical, nos discretos e eficientes arranjos e no piano, Jorge Helder no contrabaixo e Rafael Barata na bateria), ele toca violão e canta 12 de seus clássicos, alguns com pequena ajuda do público. Destaques para as emocionadas interpretações de "Choro Bandido" e "Beatriz", mais duas parcerias com Chico. (ROGER MODKOVSKI)