BOB DYLAN

"Dont Look Back"

"Dont Look Back" é o registro da turnê britânica de 1965 de um Bob Dylan de 23 anos ainda em sua fase acústica, filmado por D.A. Pennebaker, um dos expoentes do 'cinema direto' --um estilo de documentário que se aproveitava das evolução das tecnologias de filmagem da época para captar a realidade como ela é, contrapondo-se ao cinemão de estúdio.

O longa em preto-e-branco, de 96 minutos, agrada a quem se interessa por cinema, a quem curte os anos 60 e também a quem é apenas admirador do folk de Dylan.

Apesar de poucos e às vezes não-integrais, os registros musicais são marcantes --seja dos shows, seja de Dylan tocando em privado. Mas, na maior parte do tempo, "Dont Look Back" mostra mesmo bastidores: Dylan conversando com amigos como Joan Baez, Donovan e Alan Price (tecladista dos Animals), atendendo às fãs, fumando, escrevendo à máquina. Um dos pontos altos é a relação tensa e às vezes mordaz do compositor com a imprensa britânica, que parecia na época despreparada para compreender a novidade que havia em suas canções politizadas.

O DVD também pode ser assistido com os comentários do próprio diretor e de Bob Neuwirth, empresário da turnê. Pennebaker indica as afinidades estéticas entre o cinema direto e o tipo de canção pop inventado por Dylan. E Neuwirth complementa com saborosas informações de bastidores.

Entre os bônus, são cinco faixas adicionais (apenas em áudio) gravadas ao vivo durante os shows, mas que ficaram de fora da edição ("It Ain't Me, Babe", "It's All Over Now, Baby Blue", "Love Minus Zero-No Limit", "The Lonesome Death of Hattie Carroll" e "To Ramona"). E, para arrematar, uma curiosa versão alternativa da antológica cenas dos cartazes de "Subterranean Homesick Blues" que abre o filme. (ROGER MODKOVSKI)