EDSON CORDEIRO

Contratenor

Depois de se aventurar pelo terreno duvidoso da música popular com impostação lírica, o cantor Edson Cordeiro lança seu oitavo disco, em que se dedica exclusivamente ao repertório operístico. Com relação a essa escolha, o disco é auspicioso, pois sugere um amadurecimento artístico do cantor. Com um repertório de pérolas do período barroco (a exceção da dispensável "Ave Maria" de Gounod), Cordeiro se lança na empreitada de encontrar uma identidade plena para seu timbre de voz raro, que, não por acaso, dá nome ao disco, "Contratenor". Há um número limitado de árias de ópera escritas especialmente para esse tipo de voz masculina aguda, e Cordeiro escolhe algumas das mais emblemáticas, como "Che Farò Senza Euridice", de Gluck, ou "Ombra Mai Fù", de Haendel. De grande exigência técnica, no entanto, as árias deixam à mostra as limitações que o cantor ainda precisa superar para abraçar um repertório desse peso. Deslizes de afinação, principalmente nas passagens de coloratura (ornamentações que exigem grande flexibilidade vocal e precisão nas articulações), e problemas de timbragem com as notas muito graves ou muito agudas aparecem em todas as faixas. Mesmo assim, "Contratenor", muito superior a toda a discografia anterior de Cordeiro, se sustenta como um registro corajoso da potencialidade do cantor e aponta novas possibilidades para sua carreira. (Antonio Farinaci)