Gravadora: Universal
Preço Médio: R$ 21,90
10/05/2007
Ira!
Invisível DJ
Até começar a primeira nota de "Invisível DJ" é difícil não se perguntar como soará o Ira! sob o comando do produtor Rick Bonadio. Famoso por seu trabalho com os Mamonas Assassinas, Charlie Brown Jr. e, mais recentemente, com baluartes emo como CPM22 e Hateen, teria ele descaracterizado completamente os "pobres paulistas"?
Bonadio de fato deu à banda uma sonoridade moderna, pouco reverente aos clássicos primeiros três álbums do Ira!. As guitarras apresentam timbres menos "orgânicos", com mais efeitos e saturação. Paradoxalmente, se a produção é do novo milênio, com uma intenção claramente radiofônica, na composição o Ira! procurou referências na primeira metade dos anos 70.
A maior parte dos rocks do disco está mais para Led Zeppelin e Rolling Stones via Made in Brasil (ou Walter Franco, coverizado em "Feito Gente") do que para o The Who via punk inglês que marcou os primeiros trabalhos do grupo. Mesmo as baladas, como "Sem Saber pra Onde Ir" e "Culto de Amor", remontam ao lado mais sentimental da década, como dos Wings de Paul McCartney. Ou para ser patriota, ao disco solo "Loki", de 1974, do Mutante Arnaldo Baptista, com os pianos como força motriz.
Já em "Não Basta o Perdão", "A Saga" e em menor escala na faixa-título resurge o Ira! dos anos 80: agressivo, melódico e conciso. É interessante ouvir composições de Edgard Scandurra através do filtro de Bonadio, mas os mais ortodoxos podem sentir saudades de uma sonoridade mais natural.
Uma mudança corajosa, ainda que discutível, de uma banda que nunca teve medo de se reinventar.
(PC)