Gravadora: EMI
Preço médio: R$ 29,90
30/07/2007
INTERPOL
"Our Love To Admire"
Em um primeiro momento, este terceiro álbum do Interpol, "Our Love to Admire", pode vir a decepcionar os ouvintes acostumados ao impactante, forte e catártico "Antics", segundo disco da banda, lançado em 2004.
Porém, após algumas audições, percebe-se melhor a qualidade do novo trabalho. Os nova-iorquinos buscaram novos caminhos e conceitos musicais, o que denota personalidade e amadurecimento por parte da banda.
Com melodias menos pop do que o álbum anterior, as canções estão mais cruas e menos lineares. Não há aqueles refrãos apoteóticos de "Antics", e tampouco existe a seqüência de "uma música melhor do que a outra".
O produtor Rich Costey, que já trabalhou com o Muse, construiu um clima misterioso, existencialista e em constante transformação no decorrer das músicas. Em "Lighthouse", última canção, os ecos da voz de Paul Banks evocam a sensação de se estar em um lugar inóspito, com paisagens intocadas.
A banda também utiliza efeitos que beiram à psicodelia e arranjos de guitarra mais trabalhados --e às vezes bem rápidos, a exemplo de "Who Do You Think" e "The Heinrich Maneuver".
Um grande diferencial do disco é o vocal de Banks. Agora agudo, lembra mais Michael Stipe do R.E.M., nos anos 90, do que o grave Ian Curtis (Joy Division), como no segundo álbum. A dramaticidade de sua voz produz um efeito devastador.
As letras continuam a falar de amores mal-resolvidos, questões existenciais e até da angústia que é viver sob o efeito das drogas, como em "Rest My Chemistry". "No I In Threesome" é candidata ao posto de maior balada dor-de-cotovelo do álbum.
Com "Our Love To Admire", conclui-se que o Interpol não fica apenas preso à cena atual que revitaliza o pós-punk --possui capacidade criativa para produzir música de qualidade além de fórmulas hypadas.
(GABRIELA BELÉM)