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Gravadora: Sony
Preço médio:R$ 30
03/07/2007

KELLY CLARKSON

"My December"

Vencedora da primeira temporada do reality show "American Idol" em 2002, Kelly Clarkson se tornou no ano seguinte, com seu primeiro disco "Thankful", uma das principais cantoras dos Estados Unidos. Em seu álbum seguinte, "Breakaway", procurou se afastar da imagem do programa televisivo e mesmo assim se saiu bem comercialmente.

Neste terceiro disco, "My December", Clarkson continua sua busca pela autonomia artística e lança seu trabalho mais ousado. Mas isso após brigar com a gravadora, que ameaçou engavetar o projeto e teria oferecido milhões de dólares para que cinco faixas de sua autoria fossem trocadas por canções mais radiofônicas.

O que não quer dizer que se trate de um trabalho radical. O que acontece é que num mundo de Britneys e Aguileras, em que uma indústria fonográfica decadente depende cada vez mais do público pré-adolescente, qualquer desvio na linha de montagem de ídolos pop é um sério risco. Porém, como atestam as expressivas vendagens, não havia motivo para pânico e, pelo menos por enquanto, o público engoliu "My December" sem maiores problemas.

O que não é de se estranhar, pois o álbum é recheado de refrões e melodias grudentas. Na faixa de abertura, o primeiro single do disco, "Never Again", Clarkson demonstra habilidade na corda bamba entre o pop e o rock, e se mostra uma alternativa menos tola para a escola Avril Lavigne de cantoras juvenis.

O mesmo clima roqueiro se repete em várias faixas no decorrer do disco, seja misturado a elementos dançantes e eletrônicos, como em "One Minute", seja numa solução mais pura, como em "Hole", cujos arranjos de guitarra demonstram que o som de Strokes, Franz Ferdinand e o rock "moderno" desta década em geral já fazem parte da receita do pop atual.

A segunda metade do disco traz um lado mais leve e romântico da cantora com baladas quase acústicas, como "Be Still", e canções mais melodramáticas, como "Haunted", que com seus vocais exagerados é o momento piegas do trabalho.

A última canção, "Irvine", surpreeende. Um dos poucos momentos realmente ousados no disco, são quase 9 minutos de voz e violão, com um efeito sonoro imitando o som dos velhos discos de 78 rotações, com seus riscos e chiado.

"My December" é um bom trabalho para o que se propõe e, se não chega a ser tão difícil como pretende a cantora, é certamente mais inteligente do que a média de seus similares. (PEDRO CARVALHO)

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