Gravadora: Warner
10/09/2003
MARIA RITA
Maria Rita
Em seu primeiro CD, Maria Rita Mariano imprime a herança da mãe, Elis Regina, à voz e ao estilo, mas evita músicas do repertório imortalizado pela cantora, que morreu em 1982, quando a filha tinha apenas 4 anos. Mas, segundo ela própria, chegará um dia em que interpretar as músicas da mãe será inevitável.
"A princípio, é um distanciamento respeitoso com a obra dela. Para mim, a obra dela é definitiva e eu só poderia fazer alguma coisa se eu pudesse acrescentar. Um dia eu vou cantar suas músicas... um dia...", disse a cantora, em entrevista ontem, quando lançou oficialmente o CD "Maria Rita", no Rio de Janeiro.
A distância não se limita somente ao primeiro trabalho fonográfico: Maria Rita não canta nada que já tenha sido interpretado pela mãe em seus shows. Desde que voltou de Nova York, onde morou por oito anos, para se dedicar à carreira artística, ela procura esvaziar as semelhanças, sendo independente.
"Ela era cantora também. Foi um mito para a música, para a cultura do país. Eu canto também, sou a filha mulher. Tem a saudade, a falta que as pessoas sentem. Lido com isso muito numa boa. Acho supernatural a comparação. A única coisa que eu não curto e que acho desrespeitoso é quando dizem que alguém veio tomar o lugar", afirmou.
A distância com o repertório antigo não pouparam Maria Rita, no entanto, de aprender com a musicalidade da mãe. "Tenho algumas lembranças --poucas-- dela. Tenho a benção de ter uma mãe que tem entrevistas e discos. A gente sabe que ela só cantava o que ela acreditava, o que ela sentia. Para mim é bacana ouvir. Às vezes ouço como um diálogo. Ela está se expondo ali. É o meu contato com ela." (Marcelo Bartolomei)