Gravadora: BMG
Preço médio: R$ 27
20/11/2003
BRITNEY SPEARS
In the Zone
A ex-musa teen está de volta com seu quarto disco, "In the Zone". Menos adolescente e mais "mulher", como gosta de dizer, para a nova empreitada, Britney deixou de lado a imagem -e o discurso- de boa moça e contou com o auxílio de produtores como Moby, R. Kelly, Trixster e Bloodshy & Avant para renovar a sonoridade de suas músicas, e para tentar dar-lhes mais "credibilidade" no mundo "adulto".
Isso sem falar no empurrão da rainha do pop Madonna, com quem divide os vocais da faixa de abertura do disco, "Me Against the Music", e de quem recebeu um caloroso beijo na boca na última premiação da MTV americana. "Passei o cetro", declarou Madonna sobre o episódio.
Se por um lado Britney não dispensa o cetro de Madonna, por outro, prescinde dele. Ter uma faixa produzida por Moby -a ótima "Early Mornin'"- é algo que nem Madonna conseguiu, em 2000, quando o produtor recusou um convite para produzir seu disco.
Outras boas surpresas do disco são a dançante "Breathe on Me" -em que Britney faz lembrar a Kylie Minogue de "Come into my World"- e o quase electrofunk "Toxic".
Fica claro, no entanto, que este é um disco de transição. Faixas como "Brave New Girl" e "Shadow" combinariam melhor com a Britney adolescente, virgem e choramingosa que a "nova" Britney diz ter deixado no passado.
A simploriedade com que alguns temas são tratados também denunciam um travo da antiga persona da cantora. É o que acontece em "Touch of my Hand", uma canção boba sobre a masturbação, que traz versos como "amar a mim mesma não é pecado", e a intragável balada "Everytime", supostamente sobre o ralecionamento da cantora com Justin Timberlake, em que Britney conclui: "me sinto tão pequena, acho que preciso de você".
Britney já anunciou que este disco não deverá repetir o sucesso de vendas de seus anteriores. Ela diz isso porque está escaldada. Recentemente, sua carreira como ídolo teen estava em franca decadência. Seu disco anterior, "Britney", já não havia repetido o sucesso de vendas do anterior, "Oops! I did it Again", que, embora tenha vendido mais de um milhão de cópias na primeira semana -um recorde para cantoras-, não teve fôlego para se igualar ao sucesso do primeiro álbum, "Baby One More Time", que vendeu mais de 10 milhões de cópias em um ano.
A estratégia agora visa afastar a imagem da cantora de outras ex-teen, como Aguilera e Pink, e aproximá-la das bombshells Beyoncé e J-Lo, mas com um diferencial: o aval da megastar Madonna e do cultuado Moby.
Mas se isso sairá como o previsto ou como um tiro pela culatra, só o tempo dirá. Mesmo assim, mais do que uma armação sob medida para "redirecionar" a carreira de Britney, "In the Zone" consegue ser um disco excepcional de pop dançante, com mais pegada e novidade que muitas gravações de artistas chamados independentes. (Antonio Farinaci)